Please,Go away

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(Capítulo não revisado)
Capítulo surpresa de sábado. Esse foi o capítulo mais doloroso que escrevi :(((

-Haverlly, Haverlly...-Ele diz.-Por quê?-Passa as mãos em seu cabelo.-Por quê simplesmente não atirou nela?
-Por quê eu precisava ver alguém queimando.-Falo a verdade.
-Meu Deus... VOCÊ NÃO PODE SER UMA PESSOA NORMAL?-Grita.
-Não, não posso.
-PORRA, EU JÁ ESTOU ME CANSANDO DISSO, DESSA SUA VIDA MEDÍOCRE, ONDE TUDO O QUE IMPORTA É A DESGRAÇA ALHEIA, TUDO SE RESUME A SANGUE DERRAMADO. VOCÊ VAI SER MÃE,SABE O QUE É ISSO? -Pergunta irado.
-Eu não sei o que é ser mãe, não se esqueça que nunca tive uma.-Respondo calmamente.-Se esta cansado dessa vida, então vá embora, nunca te pedi pra ficar.
-Katherine...-Ele passa a mão no rosto e depois no cabelo.-Se eu for, eu vou com intenção de não voltar mais.
-Está esperando o quê?-Arqueio uma sobrancelha.-Que eu mude? Vire a Madre Teresa de Calcutá? Só por que estou grávida não significa que vou mudar, não espere isso de mim. Você me conheceu assim, soube exatamente como sou, ficou ao meu lado por que quis, se apaixonou por que quis, agora não me culpe por você ter cometido a estupidez de me amar.
-Então é isso? Não vai mudar?-Ele me olha cético.
-Não.
-Eu te odeio, Haverlly...Martha não merecia o fim que deu à ela...Ela era uma mulher incrível, sempre foi.-Diz.
-Que pena que morreu. -Debocho.
-Ela sim, foi uma mulher pra mim, uma mulher que não pode ser substituída...-Ele sorri.-Uma mulher muito melhor que você.Era ela quem deveria ter engravidado, ela merecia conceber um filho meu. Não uma pessoa que não merece nem a vida, uma pessoa desprezível, infeliz, egoísta, hipócrita e solitária.-Ele cospe suas palavras carregadas de veneno.Sei que ele 'ta triste.
-Suas palavras não me comove.Eu nunca quis ter um filho seu, caso não se lembra, eu ia tirá-lo.-Eu senti raiva.-Talvez eu seja infeliz, mas por ter você em minha vida.Sou egoísta, sim, eu sou. Prefiro ter solidão do que me apegar à alguém que provavelmente irá me magoar.-Suspiro.-Deveria ter torturado ela mais, ter mostrado quem é que manda.
-Merece apanhar.-Diz.
-Bate.-Fico de frente pra ele.-Bate, mas bate com força.-Digo o desafiando.
Ele me olha furioso. Ele fede a álcool...Agora sei de onde veio sua coragem pra me desafiar.
Ele me dá um tapa forte me fazendo cambalear pra trás. Não faço nada, ergo a cabeça e sorrio pra ele, mas recebo outro tapa e seguidos por mais. Ele puxa meu cabelo com força, dói, mas não reclamo ou grito de dor.
Meu rosto arde, fica dormente e formigando.O ódio e a ira me consome, guerreiam dentro de mim.Quero chorar de raiva e matá-lo. Ergo a cabeça e o encaro.
-Esse é o bom de te dar uma surra.-Ele puxa meu cabelo com mais força.-Você não reclama.
Ele rasga minha roupa e me joga na cama. Meu instinto materno falou mais alto e abracei minha barriga enquanto o via tirar o cinto.Começo a rir. Pela primeira vez em  dezoito anos, vou levar uma surra por que matei alguém.
-Quero ver esse sorriso depois de terminar com você, Haverlly.
Ele me dá uma cintada.Arde.Depois da outra e mais uma. Minha perna pinica, mas não faço cara de dor ou de incomodo.A furia consome ele por inteiro, seus olhos estão negros, sei que meu silêncio o deixa irritado.
Então começa a me bater sem parar. Tento o máximo proteger minha barriga.Ele não se cansa e meu corpo ja está dormente. Falo mentalmente para eu não chorar. Ele grita de raiva enquanto me bate.
Ele para. Ouço sua respiração ofegante.Ele deixa o cinto cair, sei disso por que ouvi a fivela bater no chão.Não consigo olhar pra ele. Sinto nojo, raiva, desprezo e num súbito, todas as suas palavras me dominam, corroem meu peito.
Respiro e me levanto.Fico em pé e vou até o closet, visto jeans e uma camisa que cubra as marcas do cinto, calço minhas botas e volto para o quarto. Ele continua ali, em pé, me olhando.
Passo por ele e saio do quarto. Vou até meu novo escritório, encontro Kenny lá, organizando documentos.Ele me olha e se espanta.
-Não me pergunte o que aconteceu.-Corto ele antes que me faça perguntas.
-Tudo bem.-Ele diz.
-Kenny...-Me sento na cadeira.-Posso perguntar algo?
-Pode...
-Eu...eu...-Minha garganta fecha e sinto um nó se formando.-Eu tenho conserto?
-Sinceramente, não. Mas você pode tentar mudar, é daí que se recomeça, você precisa acreditar em si mesma que pode mudar. -Ele diz.
Não sei o que dizer, me sinto perdida e eu so queria meu pai. Ele teria um bom conselho, um colo... Mas não tá. Kenny sai do escritório, fico ali, olhando o céu através da imensa janela de vidro.
Benjamin tem razão em dizer que eu não sou uma mulher, que não mereço conceber um filho. Martha tem razão em dizer que meu filho não merece a mãe que tem, no lugar dela também sentiria pena dele.
Meu peito parece está sendo esmagado por alguém, dói, é uma dor indescritível, insuportável.Passa algo na minha mente.
Sento na cadeira onde Kenny estava e ligo o computador. Digito na pesquisa o que quero. Meu coração pesa, bate mais rápido, até que acho o que procuro.

Lillith ( RETIRADA DA PLATAFORMA 10/12)Onde histórias criam vida. Descubra agora