Capítulo 17 - Espetáculo (c)

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Nova Iorque; 8:30 da manhã

— Todd... onde está você...?

Do outro lado, em sua simulação. O menino abre lentamente os olhos, incomodado pelo som do comunicador em forma de despertador, colocado em cima do móvel ao lado de sua cama, em um belíssimo quarto branco sem janelas. Do despertador vem a voz ansiosa de Amanda que o chama. O garoto então dá um salto da cama colocando curiosamente o ouvido no auto-falante do despertador:

— Oi... sim estou aqui... pode falar.

— Por que tanta demora?! Preciso da sua ajuda. Estou no meio da Madison Square Garden! Está tudo uma zona por aqui, talvez dois ou três cybrons na minha cola, não sei... dá pra você achar umas coordenadas nos arquivos do seu antigo proprietário, o Dr. Wishonsky?

O sistema operacional conhecido como Todd, operando em um constructo simulacro, na forma de uma criança, caminha até uma outra sala, seu escritório, mobilado por uma vasta parafernália gamer, senta diante de seu computador de última geração, coloca seu fone de ouvido com headset, a inicia sua busca pelas coordenadas abrindo os mais rápidos programas de busca já conhecidos:

— Mas é claro, Senhorita Walker!!! Só mandar as palavras-chave por gentileza!

— Ficou maluco criança! Senhorita é a sua avó! As palavras-chave são: Atlante, saltador, base, laboratório, quartel-general. — Respondeu Amanda ao mesmo tempo, em que movia holograficamente uma janela de programas de inteligência artificial uma atrás da outra para tentar acessar no modo manual os buscadores.

— Achei! — Alertou Todd.

— Manda pra mim!

Todd aperta enter na entrega da informação da localização do misterioso atlante saltador. Amanda imediatamente desliga do interface e digita os comandos em seu aparelho de salto para abrir um enorme portal azul, saltando para o infinito.

BLAST

Amanda aparece em uma nova Iorque diferente. As ruas estão cheias de gente andando imersas em si mesmas e apressadas. Parada ao lado de uma banda de jornal a garota não percebeu que aquela era uma época diferente até, por curiosidade, observar uma plataforma estranha e arcaica de comunicação visual:

— Vai querer comprar senhorita? — apontou o jornaleiro com um tufo de jornal nas mãos para uma revista de adolescente vendo que a jovem vestia roupas muito modernas para aquele contexto

— O que é isso na sua mão? — retrucou Amanda, respondida com assombro pelo dono da banca.

— Isso é um jornal...

Amanda pega o jornal das mãos do senhor e acidentalmente, olhando esbarra na data de publicação:

''20 de Fevereiro de 1997... quê? Isso não é possível!!!'' — Pensou ao procurar por Keep com o auxílio do scanner de assinatura energética que naquela altura apresentava um leve defeito gerando uma estática na transmissão das informações. Ali, ocupada com seu smartphone na mão, um grupo de executivos olhava estranhando o comportamento e o objeto nas mãos da garota que ignorava veementemente qualquer passante que cruzasse a rua. Depois de cruzar a esquina a sua frente comparou atentamente a indicação do seu scanner com o local e finalmente viu o que não queria.

Keep estava dormindo em pé como um zumbi praticamente encostado no muro de um prédio empresarial:

— Meu deus!!! O que aconteceu Keep?

Keep não responde como se sob o efeito de alguma droga alucinógena.

— Acorde, palerma!

Amanda empurra o amigo.

— Urrgh! — Keep reage abrindo os olhos ainda tonto, acordando de seu estado sonâmbulo.

— O que aconteceu com você, cara?

— Não sei ao certo...o que eu sei é que minha reentrada não foi exatamente aqui...

— Mas como? Você não tem um aparelho de salto. Diga! Como você veio parar aqui. — Disse Amanda chacoalhando o amigo para encontrar algum bom senso em suas palavras.

— Venha comigo... COF COFF!

Os dois caminham até o estacionamento de uma grande loja de departamentos onde Keep pode respirar, colocar as mãos sobre as coxas e finalmente recobrar a consciência. Ao levantar o semblante o olhar fixo na colega de rebelião inspirava a seriedade de sua fala:

— Eu não tenho um aparelho de saltos... mas ele sim...

Amanda, então aovirar-se vê se relance a sombra de uma figura que parece ser um enorme homemcom uma armadura de aço prateado que cobria apenas seu peito e partes de suaperna. Da cintura para baixo podia ver que ele vestia uma calça de microfibrapreta fixada por um cinto de utilidades, mas sua análise foi subitamentecortada pelo golpe de um bastão metálico que atingiu primeiro sua nuca. Em seguida Keep é derrubado por um tiro da pistola leiser da figura mítica cujo rosto écoberto por um capacete também metálico. Essa figura abre, pela imposição desuas mãos um portal azul desaparecendo com seus dois reféns para algum lugar no infinito. 

AlcalineOnde histórias criam vida. Descubra agora