Capítulo 16 - Espetáculo (b)

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Em volta do salão, arquibancadas abrigam os diferentes nichos urbanos e gente das diferentes classes sociais do planeta.

Carmen de La'Rocca do seu setor pode ver com seus óculos de ópera acionando dentre os sete tipos de lentes hi tech, a lente de aumento que ampliava a imagem de seus colegas de negócios sentados nos demais setores. A Liga trans-humana com seus cyborgs e sintéticos conversavam com alguns implantados que vieram reivindicar direitos trabalhistas junto aos sindicatos. Mais para a direita o setor militar reunia coronéis e oficiais da Zona Neutra que evitavam discussões acaloradas com os Generais dos Megablocos que a propósito não marcariam presença na reunião a não ser pelo General Ohara, um ferrenho defensor dos movimentos contra a colonização de Qualvay. Gerard não contava como militar. Ele seria uma espécie de artífice um visionário estrategista estando ali muito mais para um Estadista, Premier e articulador político do que para um homem de Guerra. Mais perto do camarote de Carmen de La'Rocca ficava o setor corporativo do qual fazia parte, mas preferiu situar-se num setor neutro da arquibancada por achar inapropriado tomar partido naquele delicado momento. Próximo dali na tribuna de honra dos corporativos estavam Rick Amarante, Keiko Midori, Jonas Trust e alguns de seus parceiros em negócios dispostos a receber toda informação sobre as decisões tomadas nessa manhã; decisões as quais interferiam em negócios do presente, no futuro e atividades do mercado interplanetário; e, aliás já estavam sofrendo baixas homéricas sempre criticados pelo setor bancário, ali presente com seus asiáticos sisudos e israelenses do setor descontentes com a perda de divisas e com um iminente embargo por parte de sistemas da federação.

Nova Iorque; Ano: 3567

A quinta avenida havia amanhecido tranquila naquele dia de movimento, exceto pela explosão em um beco escuro que arrastou dois jovens contra uma cerca de dois metros de altura que demarcava o fim da viela.

— URGH! — gemeu Keep levantando do meio do lixo e do papelão que se embaralhou por cima de seu corpo.

Amanda levantara antes e checava o seu aparelho:

— Tudo ok aqui exceto pela hora. Parece que ficamos mais tempo do que deveríamos fora da realidade.

— Sim. Você está certa garota. O meu também está marcando 8:10. Isso significa que teremos apenas 20 minutos corridos pra resolvermos a parada e voltar pra Ibiza.

— Não seja pessimista, Keep. Eu já localizei o nosso ''homem''!

Amanda dá as costas para Keep que, confuso, coça a cabeça ainda atordoado tentando acompanhar com os olhos a amiga:

— Enquanto eu falo com nosso alvo você precisa ficar aqui nessa esquina, invadir o sistema operacional do meu smartphone e acessar o relatório de eventos pra checar o que aconteceu durante o salto.

— Sim senhora. — respondeu Keep chateado acessando seu banco de dados a partir de seu óculos de aviador.

Cinco passos adiante, virando a esquina é possível achar com os olhos a cafeteria indicada pelo scanner de assinatura genética. O celular de Amanda aponta justamente para o lugar não cuidado de fachada encardida com as placas de aço da porta enferrujadas. Apesar do desleixo do lado de fora. O ambiente interno é convidativo com mesas e cadeiras que fazem com que o cliente encontre o conforto necessário para apreciar o tráfego de carros voadores, os letreiros hologramáticos e alguns punks andando pelas ruas carregando cartazes de protestos vigiados pelos capacetes dos cybrons que escoltavam em duplas as esquinas da grande maçã.

Amanda senta de frente para o homem a mesa tomando o que seria um gole de cappuccino:

— Como tem passado senho...

AlcalineOnde histórias criam vida. Descubra agora