Capítulo 18 - Meteora

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Um balanço irregular, um som de água batendo contra as brechas e rachaduras do piso. A cabeça de Keep demorou para ter a realização daquela imagem que a princípio parece um córrego surgido das gotas de chuva que dançavam sobre a sua cabeça... contudo aquela não era uma chuva. Ao abrir os olhos se viu pendurado de cabeça para baixo sob forte influência de um sistema de chuveiros que despejavam gotas de água que lavavam seu rosto e sua roupa tirando gorduras e a acidez de sua pele:

— Amanda! O que você está fazendo?!

— Estou tentando tirar a gente daqui... falta pouco... — A hacker se contorcia até pegar sua pistola e dar um tiro na direção de Keep que cobriu os olhos em reação de reflexo.

BANG

Ao primeiro tiro, as correntes envoltas no rapaz se afrouxam. Keep cai de costas no chão:

— Aaaaautch, cacetada... minha espinha...

BANG

Amanda cai ao segundo tiro. Suas mãos pressionam o chão desviando o curso do fluxo de água que apontava para um portal, uma saída daquele ambiente, um caminho que levava até uma luz. Ela logo se levanta:

— É pra lá que temos que ir... atrás do figura que nos sequestrou...

— Mas Amanda... olhe esse lugar, as correntes no teto, a iluminação de led, as escamas de metal no chão... esse lugar é praticamente um matadouro... só que...

— Deixa disso mané! Estou sem meu smartphone. Temos que achar o filho da mãe e voltar pra Ibiza. Vem!

Os dois adentram o recinto luminoso. O salão é um depósito de espécimes, animais conservados in vítreo, seres vivos, plantas e animais que aparentemente não pertencem a esse planeta...

— Talvez animais a muito extintos. — Apontou Keep para um mico-leão-dourado. O animal lhe familiar de livros antigos.

— A cada passo que damos mais esse lugar fica sinistro.

— Esse não é um ''lugar'', mas sim um veículo. Olhe!

Keep aponta mais a frente para o fim do corredor onde se encontra um painel formado por três telas de led gigantes com gráficos e parâmetros de análises diagnósticas sobre os níveis de conservação corporal de cada espécime ali guardada.

— Droga, Keep! Então onde fica a ponte de comando? Esse negócio é enorme.

Keep rapidamente liga seu computador através do app em seu óculos de aviador e projeta uma tela hologramática para mostrar para Amanda o processo de escaneamento do perímetro, para concluir que:

— Há quatro formas de vida, além de nós neste lugar. Também consegui rastrear seu smatphone. Ele está no piso inferior. De acordo com meu relatório o elevador mais próximo fica a 200 metros daqui.

Keep inicia sua corrida em direção ao elevador, seguido pela amiga. Os dois atravessam uma ponte sobre três mega geradores de energia Teutônica, fonte 500 vezes mais potente que a energia nuclear. Cauteloso Keep para no meio do percurso olhando ao redor... em volta nada além de gigantescos circuitos e engrenagens:

— Estamos no coração de uma nave...

— Alguma ideia de que planeta isso vem?

— Nenhuma... vamos.

Ao final da ponte os dois encontram uma cabine. Ao pararem próximo, as portas da cabine metálica se abrem. Lá dentro o elevador se revela quase impossível de operar. Keep coloca sua mão sobre um painel de leitura biométrica ao que o elevador fecha as portas e começa a descer.

— Estamos descendo.

— Keep! O que dizia o seu relatório do nosso salto para Nova Iorque?

— Já viu o seu relógio?

— Mas... são oito horas...

— Isso significa que...se nossos relógios não pifaram juntos, nós...

Kushhhh

As portas do elevador daquela nave espacial se abrem num andar diferente.

Ibiza - Hotel Sea Gate; 8:10 da manhã

Tudo fluindo como deveria ser no quarto de Mind. Ele está deitado na cama de barriga pra cima jogando uma bola de tênis na direção do teto como um jogador de basquete diante da cesta.

De repente uma tela holográfica surge do seu dispositivo de comunicação. Ali é transmitido um aviso de seu sistema operacional pirata:

''Sistemas sincronizados, redes de comunicação seguras''.

Era hora de levantar. Mind sai da cama devagar e chega até seu dispositivo verificando canal por canal através de um micro controle remoto. Parou no canal 8 ao interceptar o noticiário da manhã:

Âncora: Ontem um pouco depois de anoitecer as naves em guerra na órbita abaixaram seus canhões em sinal de verde para o acordo de cessar-fogo. Tudo indica que as duas forças opostas se preparam para o acerto final sobre a libertação de sistemas fora dos limites da Federação...

Gibs entra no quarto do companheiro chutando a porta.

— Shhhh! Você não sabe bater antes de entrar. — Perguntou Mind, coçando os olhos.

— Foi exatamente o que eu fiz... Argh...Tu viu meu bloqueador de sinal...não consigo achar no meio da minha bagunça...

— Não faço ideia. Te adianto que estamos conectados com a rede clandestina prontos para contatarmos o fornecedor...mas...ops...veja só que interessante... Canal 15... nossa amiga Beka...

Mind e Gibs concentram-se em ver a companheira de rebelião tomando banho ao passar carinhosamente as mãos sobre si, retirando o excesso de sabonete de partes ardentes, curvas sinuosas que provocam suspiros involuntários em Gibs, evidenciando sua fraqueza, sua ausência das práticas corporais com o gênero feminino. O deleite dura pouco. Logo Beka se vira para o outro lado do box dando um susto em Mind que muda o canal do projetor paralelo para não revelar a localização da câmera escondida. Foi por pouco e muito longe passou a percepção dos dois sobre o bloqueador de sinal do capitão desleixado. Beka sai do banho com a toalha enrolada na cabeça e vestida com um baby-doll dois números abaixo do seu. Em cima de sua cama seu celular realiza uma chamada a muito desejada, uma chamada de voz em uma linha segura:

E aí... como está o serviço no distrito 11?

Interlocutor: ''Está indo...estou em modo de espera, no Japão, a pedido do chefe...''

Beka:''Já tenho coordenadas. O alvo está em Tóquio...''

Knock Knock —Alguém bate a porta devidamente trancada.

Cloutch — —- O telefone é desligado.

Do outro lado pelo olho mágico Beka via o rosto barbado e a cabeça semi calva do capitão. Em sinal de desgosto, virou a cabeça:

— Arght...Gibs... bem agora.

— Recados importantes amiguinha — Respondeu Gibspomposo estufando o peito e colocando os braços para trás ao ouvir a porta se abrindo


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