Capítulo 10: A Biblioteca

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O fim daquela Manhã foi quente. Sentados ao pé do sofá da sala Keep coloca seu último cigarro no cinzeiro.

— Espere por mim garota. - Amanda termina de colocar sua jaqueta de couro. A porta está quase totalmente aberta quando Keep abraça sua amiga com força...

— Quando é que vamos nos ver novamente?

— Não sei, Keep... em breve acho...se tudo correr bem e eu sobreviver estarei em Marte curtindo um parque aquático.

— Se cuida Garota! E não fale com ninguém sobre essa parada que você esta carregando, é perigoso!!!

— Ah. Está tudo bem guardado, tudo de volta aos seus lugares, tudo preparado para entrega. Vou indo. Tchau!!!

— Espere vou sair com você.

— Não precisa... Já vou indo.. até logo...

Keep encosta a porta e caminha para o quarto. Amanda que caminhava na direção do ponto de ônibus, descobre que esquecera sua jaqueta na sala do amigo. Ela vai subir até a área turística e precisa chegar a tempo. Já são 13:00h da tarde e seu smartwatch já está sinalizando de 5 em 5 minutos o alarme da segunda conferência que acontecerá as 15:00h. Amanda dá meia volta e quase com a mão na maçaneta da porta do apartamento de Keep, percebe uma conversa vinda do quarto:

''O que ela está fazendo aqui?! Eu já te falei e vou repetir! Não quero me envolver com o Alcaline! Minha missão já acabou...''

A hacker Precisa manter a calma ao correr até o ponto de ônibus e ali esperar a condução que a levará até a superfície. Seu corpo cansa e Amanda desacelera; ela respira fundo apreciando as luzes que invadem os becos e sacadas escorregadias das ruas abandonadas do submundo. Keep está preocupado, não esperava aquela visita; com o celular em mãos seus dedos digitam o número da amiga recém saída de sua casa. Algo de dúvida e desespero contido falam nas entrelinhas de suas poucas palavras:

— Alô? Keep? Mas...

— Eu vou descer. – Disse Keep olhando para baixo no Tubo, sentado no ponto de ônibus. Amanda toma um susto ao ver o amigo sentado ao seu lado.

— Oh! Você quer me matar do coração, Keep?!

— E esse deve ser o seu ônibus. – Respondeu Amanda confirma acenando com a cabeça.

— Até logo, amiga. Vou pegar o ônibus no sentido contrário ao seu, kkkkk. – Amanda entra no ônibus voador após o aperto de mão caloroso do amigo. Deixara para trás com um rastro de vapor um pedaço da sua adolescência. Um fragmento sólido de uma memória que lhe ofuscava a mente. Uma memória semelhante ao vapor daquela tarde recém-nascida.

Keep, ao perceber que a condução da amiga desaparecera rumo ao topo do poço, caminha na direção de um beco próximo dali, entra em seu carro e pega a pista sentido subnível 38-H, o ponto mais fundo do submundo. Do outro lado do mundo o exótico Gerard vestido sua camisa florida e uma bermuda quadriculada, curte uma caipirinha ao som da Bossa nova deliciando sua vista numa praia deserta sentado em sua cadeira de madeira macíça.

— Senhor esses são seus relatórios da semana. – Se achegou seu secretário particular com uma bandeja contendo uma pasta de documentos ''Classificados''.

— Humm... Conferência de Genebra amanhã, relatórios de fornecimento de naves e pessoal para Órbita... Oooops... e essa daqui é quente... Falou levantando uma de suas sobrancelhas.

— Sim senhor. Pontos de expansão fotônicos em Roma.

— Mas... só tínhamos registro desse fenômeno na Rússia... A fenda...

AlcalineOnde histórias criam vida. Descubra agora