América
— Blend Ponha na tela o interior do veículo de resgate!
— Perdemos sinal de vídeo, General Noxan. Provavelmente danos estruturais.
— Ela destruiu as câmeras... Confirme a rota do piloto automático! – Indagou Noxan.
— Com certeza não é a Sibéria. Essa menina deve ter outros planos.
O General dá seis passos em direção ao fundo da sala de operações. Pensativo, ele traça sua estratégia para por as mãos na última peça do quebra-cabeça para vencer a guerra em curso na órbita e determinar o mega-bloco que irá tomar a direção do planeta.
Hypervia - Itália
Ao passar pela saída para Munique, Amanda desativa o piloto automático do carro e assume a direção pegando a saída azurra rumo a capital da Itália. Ligando seu comunicador, um ponto de ouvido e conectando seu visor da lente de contato com a Lena, ela solicita as coordenadas do segundo ponto de conferência:
— LENA. Ponha na tela a rota da missão.
O mapa aparece na tela do para brisa do carro.
''O próximo ponto de conferência será em Roma. Eu me encontro com o monitor na Fontana de Trevi.
Identificação do Monitor: Agente Turn Cope
Quatro horas depois, o carro para em uma rua movimentada da capital italiana. Amanda então religa o piloto automático do carro restaurando suas coordenas anteriores rumo a Sibéria.
As ruas de Roma estão movimentadas. A Itália é um país antigo de tradições ancestrais. As instruções no mapa da missão indicam que ela deve seguir para a Fontana de Trevi e encontrar o monitor às 15h, mas ela prefere matar o tempo no submundo. Lá é onde acontecem os jogos clandestinos, é onde alienígenas, contrabandistas e fugitivos da justiça encontram o ambiente perfeito para tocarem seus negócios nefastos e ilegais. Um ônibus flutuante se aproxima e Amanda se agarra a pilastra da entrada do veículo, se misturando aos imigrantes de outros sistemas que chegaram há poucos dias na Terra para morar ou procurando refúgio.
O Ônibus parte de uma praça onde fica seu ponto final e atravessa uma avenida principal de Roma. O visual é uma mistura de caos e História que tanto ali como no restante da Europa costuma agredir a consciência. Amanda consegue um lugar na janela; o assento fica no meio do veículo. Dali é possível ver o Coliseu ainda imponende depois de sua última restauração, as ruas cheias de mendigos e pedintes famélicos; um retrato da miséria que se alastra com rapidez em todas as zonas de transição pela Terra:
— Safados; esses chefes de Estado só pensam em seus bolsos! Tentam nos enganar a qualquer custo com esse escudo defletor na atmosfera... ESCÓRIA política... — Resmungou a senhora que sentara ao lado de Amanda.
Mais adiante o ônibus mergulha num túnel subterrâneo que dá para a entrada de um mega poço. Essa cratera gigante forjada no mais antigo aço é o bairro inferior como chamam os corporativos, mas informalmente entre os moradores da cidade alta de Roma é chamada de submundo. Amanda sente a vertigem da inércia. O veículo desce o poço numa estrada magnética de mão dupla que desce como numa escada em caracol rumo ao subnível 15 onde fica seu destino final
''Preciso falar com Keep acho que ele sabe como esse equipamento funciona. Na época da escola ele conseguia invadir qualquer sistema operacional ou banco de dados; não posso ficar refém dos caras da LENA, não com agentes na minha cola desde Amsterdã.''— O ônibus desce um poço, uma avenida em forma de escada espiral gigante que leva aos vários níveis do submundo, a zona habitacional das classes inferiores está quase chegando.
— Subnível 7. Saltar – Falou a voz automática do alto-falante do transporte.
Amanda salta e confere no smartwatch. Esse é o nível. A casa de Keep é bem para dentro do bairro. Essas ruas são sujas e decadentes; nenhuma novidade. Estava acostumada com o abandono das zonas de transição, seus conjuntos habitacionais da classe trabalhadora, as escolas para gente numerada e registrada com códigos de barra, marcadas como gado a espera do abate. A diferença era que no submundo não havia polícia, não havia contenção. As ruas eram movidas a contrabando prostituição e tráfico. Tudo muito organizado, tudo nas sombras sem pudor ou medo de ser apanhado.
Parou em frente à vitrine quebrada de uma antiga loja de roupas. Viu na imagem refletida no vidro uma menina de 19 anos carregando uma mochila. Na sua cintura por baixo da jaqueta preta esconde o cinto com duas pistolas embainhadas; uma de cada lado. Ela adoraria entrar e experimentar o vestido ali à mostra. Saciar o desejo de ser mulher, vestir um lindo chapéu e luvas cor de rosa combinando com tom prateado da silhueta. Sapatos de salto ao invés de botas de coturno; um make para realçar seu rosto de menina – mulher. - ''É melhor eu ir andando já são 3 horas da manhã e eu nem comi nada... Tô com fome.'' – pela entonação de sua duck face e o som do estômago a roncar era notória a necessidade de comer da pessoa. Amanda para em bar próximo à loja e pede um suco de limão com gelo. Ao seu lado Biph e Polinc, dois piratas assistem ao noticiário transmitido na televisão de LCD, uma relíquia do século XXI:
— Assim vai ficar difícil chegar a marte Biph. Retrucou Polinc.
Amanda sorrateiramente levanta sua sobrancelha direita voltando sua atenção à conversa dos dois decadentes senhores de meia-idade, um careca e sem um dos dentes da frente e o outro magro e com um bigode amarelado de tanto fumar durante suas longas viagens em seu cargueiro. Polinc percebe a presença e atenção da moça ao lado e pergunta:
— A mocinha quer uma carona até Marte? Cofh cooooofh — tossiu o velho polonês expondo sua condição de casca grossa das hypervias
— Oh não... ainda não obrigado. – Agradeceu Amanda cuja fome a tornara alheia a toda influência externa. Ela come seu Cheeseburguer, paga a conta e sai do bar sem sequer lembrar dos dois velhos - ''Acho que é só virar a esquerda e bater na quinta porta... não... É prédio número 327, apartamento...3c... isso''! Amanda sai ao encontro de alguém. Alguém que não estava em seu roteiro de missão. Andando pelas ruas de aço envelhecido, cercada por sacos e caçambas de lixo de toda natureza a vontade que se tem é a de chegar o mais rápido possível, atravessar uma praça mal iluminada com brinquedos quebrados, a entrada do conjunto habitacional que se apresenta de modo acolhedor. A garota é recebida por olhares de alguns operários, trabalhadores da classe mais baixa da sociedade, algumas mães solteiras carregando seus filhos no colo.
Um quarteirão dali, em um prédio mais afastado, um rapaz magro, pele morena quase negra esta assistindo televisão em seu óculos V.R. sentado no chão da sala de seu apartamento cheia de embalagens de comida congelada e latas de refrigerante.
Ultimas notícias; Plantão da madrugada: 00:15 Apresentação: Lori Dannis.
Às 21h da noite de ontem o físico e professor da universidade de Berlin Dr. Wishonsky foi assassinado vítima de um atentado terrorista enquanto palestrava em um simpósio de ciências contemporâneas. Autoridades que investigam a causa desse incidente ainda não têm pistas do assassino ou da autoria do atentado. Possivelmente o envolvimento de Wishonsky em experimentos classificados da agência de segurança nacional americana pode ter desencadeado uma conspiração para obtenção de informações estratégicas sigilosas.
TRRRIMMM
A campainha toca:
— Quem será a essa hora – reclamou keep tirando os óculos e olhando para um lado e para o outro apavorado. Foi correndo até as janelas e fechou a janela do quarto que ficou aberta durante a noite. Lá fora Amanda impaciente bate o pé no chão ansiosa para falar com antigo amigo de escola e foragido da justiça holandesa. A porta se abre parcialmente e metade do rosto do hacker aparece:
— Senha e código de acesso. – Amanda passa a mão no cabelo e lembra que pintara de preto semanas antes. Estava com uma fisionomia diferente. Keep quase não a reconhecera de cabelos curtos.
— Peitos e bundas; sexo drogas e Psy Trance.
Keep abre a porta lentamente.
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Alcaline
Ficção CientíficaAmanda é uma jovem de 19 anos que ganha a vida como traficante de drogas sintéticas nas ruas da decadente Amsterdã do ano 3567. Após perder seu namorado em um atentado ela descobre que sua cabeça está a prêmio. Sem saber o que fazer ela acaba por ac...