Capítulo 52 - Setor Vermelho ''A'' (a)

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Amanda sai do portal azul na sala de um velho apartamento. Tonta ela busca equilíbrio segurando no tampo de madeira de uma mesa de centro. Aquela sala de estar fora abandonada a muitos anos, é o que diz a marca da mão da garota e a poeira levantada ao conseguir ficar de pé novamente. A fraca luz branca que entra pela fresta entre as cortinas mostra o ambiente ermo e decadente lá fora. Pessoas trocando drogas, vomitando ou tendo relações sexuais sob os holofotes das lanternas das viaturas cybron. Amanda sabe que é hora de sair daquele lugar. Dirigindo-se ao corredor do andar a garota retira os pontos de ouvido dos comunicadores, a lente de contato da LENA jogando os periféricos no chão e desce mancando a escadaria do 5° andar daquele prédio. Passando por um apartamento de porta aberta; ela percebe o som da televisão transmitindo um importante informe no jornal da noite:

Ancora Lori Dennis: ''Chegando agora da órbita a informação que o bloqueio da aliança acaba de ser rompido pelas forças da coalizão. Naves de combate derrubaram quatro cruzadores asiáticos e um americano e neste momento duas esquadras Makfixianas e Rinaurianas estão a caminho de invadir a França. País que teve a sede de seu governo atacada supostamente pelas forças revolucionárias. Enquanto isso na Rússia uma anomalia nuclear ameaça explodir e contaminar todo aquele país...''

Amanda recosta na parede do corredor com seus olhos cheios de água:

Parece que me meti num buraco sem fundo...Terra invadida, o caminho para Marte fechado... só me resta este destino sujo...

Pegou sua mochila compacta, conferiu tudo que levava lá dentro. Levantou-se e continuou assistindo aquela transmissão.

Suas pupilas dilatam ao ver as imagens do Complexo das instalações da LENA ruir e desmoronarem conforme as naves de combate sobrevoavam e massacravam, com milhares de tiros e misseis, os prédios do complexo. Movido pelas mesmas imagens, não muito longe dali, no Alaska, O Capitão Noxan comtempla sua obra prima do caos. Três cruzadores lentamente caindo da órbita, despedaçados, despedaçando em cinzas amplificando o prazer mórbido, frio de Noxan que relaxa em sua cadeira, rodeado dos generais asiáticos pró Aliança. Este é seu caminho para a vitória. A coalizão finalmente penetra a atmosfera do planeta Terra.

Na Rússia, Amanda se vê em meio a uma cidade delirante.

DOOOOMMMMMMM

É possível ouvir e sentir um pulso eletromagnético. É algo semelhante a um alto-falante subgrave, desses que fazem o som de uma rave...

DOOOOOMMMM

Visivelmente o ar, ali, é distorcido; embaralhando a visão de todos, dando uma sensação de tontura por causa da radioatividade. O pulso é acompanhado de uma leve luz branca.

As ruas denunciam o abandono e o caos instalado. Um homem se joga do décimo andar de um prédio fazendo com que a garota acelerasse o passo. Mancando, sangrando e ofegante, Amanda percebe alguns jovens injetando, outros andando a esmo sem direção como zumbis perdidos na nuvem de felicidade da euforia proporcionada pelas drogas sintéticas:

DOOOOOMMM

Esse pulso vem da usina...talvez seja por isso que Maxine ainda não tenha aparecido por aqui... esse pulso pode estar interferindo no sinal da localização da minha assinatura energética...

Ela estava acostumada com esse movimento nas zonas de transição de Amsterdã. Aquilo tudo era muito estranho. Era uma cidade, um gueto construído em volta de uma usina Nuclear. Talvez fosse uma cidade satélite de velhos funcionários ou apenas uma vila de catadores de peças ou de ferro velho. Fosse o que fosse; Amanda não tinha mais tempo a perder. Aproximando-se da usina podia sentir que o número casas e prédios diminuía e o número de junkies também. Ela passa pela cerca que separa a entrada do terreno da usina. A placa diz: Cuidado! Material radioativo.

AlcalineOnde histórias criam vida. Descubra agora