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Fanel/ Vryn

Observo o dragão e ele me observa de volta, não desvio o olhar e sinto uma mão em meu ombro.

__ Nunca podemos desviar o olhar do nosso inimigo. Devemos o conhecer como se estivéssemos a conhecer a nós próprios para podermos saber como se defender, nesse momento Vernix é o seu inimigo, como vais se defender dele?

__ Mas ele não é meu inimigo pai, não consigo o ver como inimigo- digo e no segundo seguinte Vernix lança uma esfera de que passa a sentimentos do meu corpo me fazendo ficar em posição de defesa.

__ Agora ele é- diz papai e faz um sinal para Vernix se afastar__ Fanel, vamos sentar ali.

Salto em seus braços e papai me recebe de braços abertos, como um bebê e sinto seu beijo carinhoso em meu cabelo.

Ele se senta em um banco e saio do seu colo sentando ao seu lado, papai se vira para me encarar.

__ Fanel precisas entender que até o ser que mais confiamos um dia pode nos atacar, pode fazer com que a gente fique na defensiva. Alguém que amamos um dia pode nos machucar, pode nos trair. Nunca podemos confiar cem por cento.

__ O senhor não confia cem por cento em mamãe?- pergunto e ele ri.

__ Você me pegou. É diferente Fanel, em sua mãe eu confio cem por cento porque sei que ela nunca vai me trair, nunca vai me machucar intencionalmente, ela é minha metade. E as metades foram feitas para que a gente faça com elas e dê a elas o que não podemos dar ou fazer com todo mundo.

__ Como confiar cem por cento?- pergunto  e ele concorda.

__ Pelas asas, eu tenho a filha mais inteligente de Vod- diz me puxando para um abraço.

__ Só de Vod papai?- pergunto rindo e ouço sua risada de volta.

__ De Vod é suficiente por agora Fanel, não posso mentir tanto assim- diz me fazendo o encarar brava.

__ Somos burros os dois então, porque mamãe diz que puxei sua inteligência- respondo o fazendo me encarar surpreso.

__ Sua espertinha, me pegou novamente.

__ Fanel, estás bem?- pergunta Blanca.

__ Eu disse que não era uma boa ideia contar a ela, olha o que a gente causou há minutos que ela não fala nada- reclama Aira me encarando preocupada.

Elas acabaram de me contar que minha mãe traiu meu pai, e isso apareceu na minha mente, me deixando confusa.

__ Eu e Kayvrel éramos muito próximos?- pergunto ainda em êxtase pela lembrança que acabei tendo.

Eu ainda posso sentir a cumplicidade, o amor, a amizade somente naquela lembrança e tudo em excesso.

__ Vocês eram praticamente unha e carne. O tio Kayvrel te venerava mesmo dando tanta dor de cabeça a ele, eras a única que conseguia o convencer a algo- conta Aira empolgada__ Ele sofreu tanto quando desapareceste, foi de partir o coração.

__ Acho que acabei de ter uma lembrança. Nós temos um dragão não é?- pergunto e elas concordam __ Vernix o nome dele.

__ Sim, é o dragão do tio Kayvrel, mas Aline está lutando pela guarda dele- responde Blanca__ O que é inútil, já que Vernix pode decidir por si próprio.

__ Vocês podem ligar para Klaus, saber se Kayvrel está bem- peço e elas concordam.

Elas tentam ligar umas cinco vezes e ele não atende, Aira tenta ligar para os pais, que também não atendem.

__ Talvez ainda estejam resolvendo tudo, assim que tudo terminar eles ligam- diz Blanca e concordo suspirando cansada.

__ Eu vou descansar agora, me sinto esgotada- digo me deitando na cama__ Me desculpem por não poder ficar mais tempo conversando com vocês.

__ Não tem problema Fanel, te entendo. Eu fiquei pior só grávida de gêmeos, não imagino como deves estar te sentindo grávida de cinco- diz Aira segurando minha mão sorrindo para mim__ Descansa, logo Mouvryn estará de volta.

__ Nós iremos ver se há alguma notícia e se tiver voltamos correndo para te contar- diz Blanca me fazendo sorrir.

__ Vocês são incríveis- digo bocejando em seguida__ Muito obrigada.

Ouço elas saírem antes do sono me levar.

Estou correndo em uma floresta, muito assustada, sinto galhos fazendo pequenos cortes pelo meu corpo, mas nem isso me faz abrandar.

Ouço alguns rosnados que me dão medo e alguns sons estranhos que parecem me dar ainda mais medo, tanto que começo a tremer assim que os ouço.

Tropeço em alguns galhos caindo de cara na terra, antes que possa me mover sinto algo atravessando minha barriga e a ser retirado me fazendo gritar de dor, meu corpo é virado bruscamente. Olhos assustadores, uma mistura de vermelho e azul que me encaram cheios de maldade, de fome por algo que faz todo meu corpo gelar.

O encaro extremamente assustada, por nunca ter visto algo assim antes. Tento me mover para fugir quando sinto algo penetrar a carne do meu ombro me fazendo gritar de dor, ao baixar meu olhar vejo que são suas garras que perfuram meu corpo, as maiores garras que já vi em um homem sobrenatural.

Chuto seu rosto, e ele se afasta rosnando me dando brecha para fugir, me levanto com dificuldade e volto a correr sentindo minha roupa encharcar de sangue. Retiro meu casaco ouvindo os rosnados estranhos novamente.

Sinto algo bater contra mim, me lançando para um outro lado da floresta, meu corpo rola pela floresta até que sinto uma grande dor na minha cabeça, vejo tudo turvo e meu corpo continua rolando até que perco a consciência em algum momento, mais antes consigo ouvir a criatura, o seu rosnado estranho, consigo ouvir ele dizer ao meio do rosnado o meu nome.

Fanel

Desperto completamente assustada, gritando, com medo dessas lembranças, daquela criatura que nunca imaginei existir, estou em completo pânico quando sinto alguém me colocar em seu colo e me abraçar.

O abraço de volta, chorando em seu ombro quando seu cheiro me trás algumas lembranças boas. O sinto beijar minha cabeça, me fazendo sentir protegida como nunca em seus braços.

__ Estou com medo pai- sussuro chorando em seu ombro.

__ Eu estou aqui para te proteger meu pequeno demônio, sempre estarei aqui.




Hey lover's

Mouvryn MortOnde histórias criam vida. Descubra agora