Capítulo 5

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A última semana de férias é melancólica e tediosa o suficiente para que eu implore todos os dias a Deus para que as aulas cheguem o mais rápido possível.

O dia seguinte a viagem de Alfie para a California foi estranho. Eu o esperei acordar e aparecer na sala, o que não aconteceu, então eu lembrei que ele havia ido embora. Tomei o meu café da manhã e preparei o almoço para mim e para Alma. Não sabia muito bem o que fazer, estava praticamente sozinho.

O almoço sai bem. Alma come tudo, o que prova que estava gostoso e então chega a tarde. E eu não sei bem o que fazer nas tardes, porque nas últimas semanas as minhas tardes se resumiam a ajudar o meu irmão a fazer as malas e parar a tarefa em menos de quinze minutos e procurarmos outro passatempo.

Penso em ligar para Alfie, perguntando como ele está, mas tenho certeza que mamãe ou papai já fizeram isso e não quero importuná-lo. Sou salvo da minha tarde tediosa por Alma, que lembra que temos que comprar os nossos materiais escolares. Ligo para mamãe e peço o seu cartão de crédito e mando Alma se arrumar para sairmos.

Pego o carro do meu irmão e levo a minha irmã até o consultório dos meus pais primeiro para pegar o cartão de crédito.

O consultório dos meus pais, também conhecido como o meu futuro local de trabalho, fica num bairro comercial e bem movimentando da cidade. Os clientes dos meus pais têm uma boa grana. O lugar em si é austero, todas as paredes são brancas, há alguns quadros e o típico aquário decorativo na sala de espera com peixes de diferentes espécies e tamanhos.

A recepcionista de hoje é a Miranda, ou Mindy para os íntimos. Ela começou a trabalhar aqui quando a minha mãe ainda estava grávida da Alma, eu não lembro muito dessa época, mas a Mindy é quase da família para mim. Quando eu era menor e passava alguns sábados por aqui, ela me dava atenção e não me deixava sozinho.

- Archie! – Ela exclama quando me vê, chamando atenção dos clientes sentados na recepção. Posso ouvir o barulho do motor de alta rotação vindo da sala do meu pai. – Como você cresceu desde a última vez que eu te vi. E você, Alma, já está uma moça.

- Eu estava com saudade, Mindy. – Digo.

- O seu irmão viajou sem se despedir de mim. – Ela diz.

- Você vai passar muitos dias com ele quando ele vir trabalhar aqui. – Diz a minha irmã. – Não que isso seja bom, ter que aguentar o Alfie o dia inteiro.

Mindy dá uma gargalhada, ela sabe que Alma está brincando.

- E o que traz vocês aqui? Querem falar com a sua mãe o com seu pai?

- Minha mãe. – Digo. – Ela está muito ocupada hoje?

- Hoje é um dia cheio, essas últimas semanas estão sendo cheias, todos querendo dar um jeitinho nos dentes antes do fim das férias. Sua mãe acabou de voltar do almoço e o seu pai ainda nem saiu para almoçar.

- Você pode avisar que já estamos aqui?

- Claro que sim, querido.

Mindy vai até a sala da minha mãe e Alma e eu ficamos na recepção. Alma se aproxima do aquário e começa a observar os peixes. Quando eu tinha cinco anos, aproveitando a distração dos meus pais, tirei um dos peixes do aquário e tentei leva-lo para casa. Não deu muito certo.

Depois de alguns minutos minha mãe sai da sua sala. Vestindo o seu jaleco branco, os cabelos presos no gorro rosa e os saltos altos que usa todos os dias para trabalhar desde que eu me lembre. Alma rapidamente corre para o meu lado.

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