Minha mão treme quando aperto a campainha da casa de Vince. Ouço o tilintar do aparelho. Respiro fundo, seco as minhas mãos e espero até que abram a porta. Para o meu alívio completo é Vince quem me recepciona. Ele sorri para mim e me abraça. Eu inspiro o perfume na curva do seu pescoço.
- Você está lindo, meu amor. – Ele diz. – Preparado para a minha mãe?
- Claro. Fui eu quem pedi por isso, não foi?
- Pois é, você sabe o que está procurando. Vamos entrar. O que você trouxe aí?
- Flores para a sua mãe e chocolate para a sua irmã. – Eu digo. – Alma disse que ela gostava desses
- Chocolate? Você é mesmo um rebelde, Russell. O que os seus pais vão pensar de você levando chocolate para a casa das pessoas.
- Eu sou mesmo a ovelha negra da família. – Digo já caminhando para dentro da sua casa.
A casa da família Royce-Applewhaite é extremamente elegante. Janine me espera na sala ao lado de Stacey. Stacey que é uma versão feminina de Vince que convive demais com Alma. Dá para ver o olhar presunçoso do irmão nela, assim como os cabelos pretos característicos dos filhos Applewhaite.
- Archie querido, Finalmente Vince está nos apresentando formalmente. – Ela faz questão de vir até mim e me abraçar.
- Isso é para você Janine, espero que goste. – Digo entregando o buquê de flores para ela. – Olá, Stacey, trouxe chocolate para você. – Entrego a caixa de chocolate para ela.
- Seus pais não são dentistas? – Ela sabe muito bem que sim, mas assim como o irmão, ela gosta de provocar.
- Stacey! – Para a minha surpresa é o próprio Vince quem repreende a irmã. – Você pode simplesmente agradecer?
- Obrigado, Archie. – Ela diz já abrindo a caixa e pegando um bombom. – São os meus preferidos.
- Vamos para a mesa, só estávamos esperando você chegar. – Janine diz. – Vou apenas colocar essas flores num vaso e já me junto a vocês.
Janine sai da sala e Vince aproveita para me agarrar. Ele me beija sem se importar com Alma que também está conosco. Sinto a sua língua na minha boca, seus lábios colados nos meus.
- Elas gostam de você. Pode relaxar, Russell.
Vamos até a sala de jantar. Janine aparece não muito tempo depois e todos nós sentamos na mesa. Vince ocupa o lugar na cabeceira que antes pertencia ao seu pai. Me pergunto se ele faz isso todas as noites desde que voltou para casa ou se comem com a cadeira que pertenceu ao seu pai constantemente vazia.
Janine preparou um verdadeiro banquete. Há carne assada, aspargos, purê, ervilhas grelhadas, molho e tudo mais. Ela bebe vinho enquanto há suco para nós três. Não há momentos de silêncio nesse jantar. Ela começa perguntando sobre os meus pais, em seguida fala sobre o meu irmão e é nessa hora que eu me abro de verdade. Falar do meu irmão é algo sempre me deixa feliz, eu o amo tanto. Depois ela pergunta sobre Alma apenas por educação, ela deve ter mais contato com a minha irmã do que com o próprio Vince. E por fim ela começa a fazer perguntas sobre mim. Nessa parte eu travo, falo pouco, quase monossilábico. É Vince quem fala mais por mim. Fico vermelho sempre que ele fala algo.
Na sobremesa, uma pana cota deliciosa, Janine começa a falar sobre Vince. Conta várias histórias suas de quando era criança. Suas namoradinhas do jardim de infância. É Vince quem fica vermelho, suas peripécias com os avós e tudo o mais. Quando terminamos de comer, faço questão de desfazer a mesa junto com Vince. Janine nos espera na sala, com um álbum de fotografias – acho que Vincent a contou que eu gostaria de ter um momento como esse.
As horas passam rapidamente. Alma não está mais conosco, ficamos apenas Janine, Vince e eu. Já são quase onze da noite quando digo que preciso ir embora. Vince implora para que eu fique mais um pouco, até sugere que sua mãe ligue para os meus pais e peça para que eu durma em sua casa, mas eu nego tudo.
- Vince, pegue as sobremesas na geladeira para que Archie leve para Alma, ela adora.
- Claro. – Vince sai nos deixando sozinhos.
- Archie, querido. – Ela diz com a voz baixa assim que ficamos a sós. – No começo eu não acreditava em vocês dois, estava no meio de um momento muito difícil, não encarei bem a notícia quando Vincent nos contou. Ele estava tão machucado, o nosso divórcio, o término com Lily. E você o fez tão feliz e continua fazendo. – Ela faz uma pequena pausa. – Não o machuque mais, eu sei que ele é difícil de lidar de vez em quando, puxou isso do pai, mas ele não merece ter o coração quebrado mais uma vez.
Essas palavras fazem o meu coração se apertar. Tudo o que Janine mais quer é que o seu filho possa contar com uma pessoa que o ama. É difícil prometer não machucar uma pessoa quando se é adolescente em seu primeiro relacionamento. Mas eu também não quero sair dessa relação machucado, então penso em uma resposta satisfatória.
- Eu vou cuidar bem dele, Janine. – Eu digo. – Eu prometo que tentarei ser o melhor para Vince.
- Venha mais vezes, detesto o fato de vocês sempre se verem na sua casa, faz parecer que eu não concordo com o namoro de vocês.
- Mãe, para de encher o saco do Archie.
- Olha como fala comigo, mocinho. – Vou deixar vocês dois se despedirem. – Até a próxima, Archie. Se for preciso ameaçar esse garoto para trazê-lo aqui mais vezes, não pense duas vezes.
- Pode deixar, Janine, foi um ótimo jantar. – Eu digo. – Vou obriga-lo a me trazer aqui sempre.
Vince revira os olhos nos ouvindo. Abraço Janine e nos despedimos. Vince me leva até o meu carro. Ele não me deixa entrar no veículo, me abraça e me beija, mantêm os nossos corpos grudados.
- O que vocês conversaram? – Ele pergunta desconfiado.
- Nada demais. Eu não posso ter segredos com a sua mãe? – Vince faz uma careta ao ouvir a pergunta.
- É estranho ver ela se dando bem com você. Sempre existiu um clima estranho entre ela e Lily, mesmo que sempre se tratassem com cordialidade.
- Vince, acho que preciso te revelar uma coisa: só você gostava da Lily.
- Engraçadinho. Está treinando para a nossa valsa no baile, quando formos coroados reis do baile?
- Você está contando muito com essa vitória. Você comprou votos?
- Eu sou o starboy, baby. As pessoas imploram para votar em mim.
- Argh! Você sempre estragando o clima. Até amanhã, Vince.