Capítulo 31

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A primeira coisa que faço ao chegar na escola na sexta-feira é procurar por Vince. Não é muito difícil, ele está no saguão principal conversando com algumas meninas do time de natação feminino. Uma parte lá no fundo da minha consciência me deixa ciente de que estou com ciúmes de todas essas garotas.

Me aproximo do grupo. Eles não parecem notar a minha presença. Fico parado esperando ser percebido, mas ninguém dá conta de mim. Então pigarreio e eles finalmente olham para mim.

- Vince, eu preciso falar com você. – Eu digo.

Ele se despede das garotas soltando alguma piada, todas elas sorriem com as palavras dele. Algumas fazem questão de tocá-lo. Tento me controlar para não demonstrar que esta cena patética está acabando comigo internamente. As garotas podem perceber o meu ciúme. É com Vince que estou preocupado.

- Você voltou a falar comigo? – Ele pergunta condescendente.

- Não fui eu quem passou a semana inteira dando gelo no outro e fingindo que estava tudo bem. – Eu respondo.

Estamos caminhando para o meu corredor. Ele não faz nenhuma objeção ao caminho que estamos tomando. Está com os lábios repuxados, não é um sorriso tímido, é raiva que ele está sentindo.

- Foi você quem me ignorou no domingo. Fala sério, Archie, você ficou mal por conta do beijo? – Ele sussurra para que ninguém possa escutar.

- Não, não fiquei mal. – Fiquei bem demais. Esse é o problema. Eu queria ter ficado com raiva, chateado, mas eu só senti que eu preciso mais dele do que eu imaginava. – Você viu a postagem de ontem? – Eu pergunto indo para o assunto que me interessa.

- Sim. – Ele diz fingindo desinteresse. Não preciso especificar de qual postagem eu estou falando. Ele sabe bem. Todo o colégio sabe bem.

- Você sabe de quem eles estão falando? Quem é o garoto do time de futebol que ele comenta? – Eu pareço um grande fofoqueiro, mas é muito mais do que mera curiosidade. – O outro garoto é o Jorge De Luna, não é? É o único garoto que joga tênis na nossa escola.

- Eu também jogo tênis. – Ele está tentando fugir do assunto?

- Tenho quase certeza de que a postagem falava sobre prodígio e você não é nenhum prodígio, Vince.

- Uau! Você e Lily poderiam ser melhores amigos, sabia? É bem malvado quando quer.

Eu apenas reviro os olhos para ele. Ser comparado a Lily é um verdadeiro insulto. Não posso ser tão maldoso quanto ela, é moralmente impossível. Ela é uma versão mais rasa de Regina George com um pouco de Miranda Presley.

- Ah, por favor, Vince, é você quem está sendo maldoso agora. – Eu digo e finalmente consigo arrancar um sorriso seu. – Vai me contar?

- Por que você quer tanto saber disso? Eu achei que você fosse ser solidário com eles, até porque passou pela mesma coisa.

- Não é pelo que você está pensando que estou interessado. Eu pensei que... – Nós paramos na frente do meu armário. Não há muitas pessoas ao nosso redor, podemos conversar em tom moderado. – Eu pensei que pudesse conhecer outros caras como eu, ser amigos, poder conversar sobre assuntos do nosso mundo. Não preciso te lembrar que você é hetero, não é? – Falo a última parte em tom de confidência.

- Espera, você está dizendo que não conhece nenhum outro cara gay? – Eu balanço a cabeça afirmativamente. – A escola está cheia deles. Há até um comitê de diversidade no grêmio estudantil. – Ele fala como se fosse grande coisa.

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