Na quarta-feira eu estou me vestindo para o meu encontro com o misterioso amigo universitário de Cathy. Na verdade, é ela quem está fazendo mistério. Não sei nada sobre ele, nem mesmo o seu nome. O que é motivo o suficiente para fazer qualquer pessoa de bom senso não ir a esse encontro. Mas estou tão desesperado para tentar tirar Vince da minha cabeça, que aceito de bom grado quando ela me manda o endereço do nosso encontro. É em um café bem charmoso.
Assim que termino de me arrumar, passo no quarto de Alma para pedir a sua aprovação, mas encontro o quarto vazio. Vou até a cozinha onde encontro os meus pais preparando o jantar.
- Onde está Alma? – Eu pergunto.
- Está na casa de May-Ling, vai dormir lá junto com Stacey. – Meu pai responde. Fico pasmo como a minha irmã tem tantos compromissos sociais. – Você também não vai jantar em casa?
- Vai sair com Vince ou JJ? – Minha mãe pergunta levantando o rosto para me analisar.
- Nenhum dos dois. Tenho um encontro. – Eu tomo coragem para dizer. Não vou revelar com quem, até porque nem eu mesmo sei. – Não devo demorar.
Meus pais se olham por um momento em uma troca de palavras não ditas que só décadas juntos é capaz de proporcionar. Eles chegam a um entendimento e depois olham para mim.
- Que bom, filho. Tome cuidado. – Diz o meu pai. – Você vai dirigir ou quer que eu te leve?
- Não precisa, eu mesmo dirijo. – Eu digo.
Saio apressadamente da cozinha, deixando os meus pais sozinhos e volto para o meu quarto. Dou uma última olhada no espelho, coloco perfume e olho mais uma vez as mensagens de Cathy. Eu preciso apenas ir para o café, o seu amigo deve me reconhecer. Cathy não me colocaria em uma cilada. Repito para mim mesmo. Ela me confirmou que não faria isso.
Pego as chaves do carro do meu irmão e desço as escadas correndo. Me despeço dos meus pais na cozinha. Sinto o ar frio de novembro congelar até os meus ossos. Está caindo uma chuva fraca, então corro até o carro.
No caminho para o café, escuto minhas músicas preferidas aleatoriamente. Até canto junto. Tudo isso para me dar coragem de seguir em frente e não dar meia volta no caminho. Eu preciso fazer o frio no meu estômago passar. Quanto mais perto do café, mas fico enjoado.
Há uma pequena parte da minha consciência que diz que estou traindo Vincent. É pequena, porém barulhenta. Mas eu seguro firme no volante e não volto atrás. Consigo chegar no café, estaciono o mais perto possível e corro debaixo de chuva até lá.
Apesar de ter o café no nome, o lugar está mais para um restaurante. Um pouco cosmopolitan chic. Um lugar interessante. Não sei se conseguirei pagar qualquer prato daqui com o que sobrou da minha mesada. As paredes são brancas, as mesas de madeira simples, o ambiente é muito iluminado, muito! Há pessoas jovens, não adolescentes como eu, mas definitivamente jovens. Universitários.
Eu fico em pé na entrada. Estático. Não sei quem eu estou esperando. E ficar parado na porta é uma boa alternativa, eu sempre posso correr e estar perto da porta é excelente para o meu plano de fuga.
- Archie? – Eu escuto uma voz perguntar atrás de mim.
Viro o meu corpo e eu definitivamente não estava esperando o que eu vejo. Ele é magro, tem o cabelo bagunçado. É um pouco mais alto do que eu. Os olhos são verdes e os lábios estão repuxados em um sorriso. Ele está um pouco molhado por conta da chuva. Veste calça jeans, suéter e jaqueta. Uau!