CAPITULO 24

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Capítulo 24 - Revisão

De volta ao hospital, Camila havia feito centenas de exames e, ainda assim, nada! Ninguém sabia o que ela tinha. Já se passavam duas semanas desde que começou a se sentir assim...

— Última relação sexual? — a médica perguntou com voz firme, acompanhada de uma prancheta em mãos.

— Tem uns 20 dias.

— Usou preservativo?

— Não lembro. Acredito que sim.

A médica continuou, sem pressa, como se o questionário fosse apenas mais uma rotina.

— Menstruação?

— Em dia, eu acho...

— Sentiu inchaço em alguma parte do corpo? — ela prosseguiu.

— Não.

— Enjoos matinais?

— Não. Só depois de comer. Nada fica no meu estômago.

— Algum cheiro te incomoda?

— Café. Não sei o porquê! Eu adoro café, mas nesses últimos dias, fico enjoada só com o cheiro. E o cheiro de cigarro também tem me incomodado bastante.

A médica a olhou atentamente, mas não comentou, apenas fez uma anotação.

— Você é fumante?

— Sim.

— Quanto tempo?

— Desde os 15 anos.

— Seis anos, então?

— Sim.

— Por que todo esse questionário? — Camila perguntou, um pouco irritada com a repetição das perguntas.

A médica manteve a calma e respondeu com objetividade.

— Você vai fazer um Beta HCG, vai tomar um Dramin diluído no soro. Isso vai te dar sono. Você vai dormir um pouco e, quando acordar, eu te darei a resposta. Positiva ou negativa.

Camila arregalou os olhos, um misto de incredulidade e medo tomando conta dela.

— Peraí, você está achando que eu estou grávida?

— Tudo indica que sim.

— Isso não é possível! Eu não posso ter um filho! Eu só tenho 21 anos.

A médica sorriu levemente, como se tentasse aliviar o peso da situação, mas ainda assim com um toque de ironia.

— Eu fui mãe com 16 — disse, piscando. — É possível sim!

Ela deu um tapinha no ombro de Camila e continuou.

— No final do corredor, é só se sentar em uma das macas. Daqui a pouco o enfermeiro passa para coletar seu sangue e aplicar a medicação.

Camila, ainda atordoada, tentou processar tudo o que estava acontecendo. Seu coração estava batendo mais rápido, e o medo começava a se intensificar.

— E aí? — Stacy perguntou, já sabendo que a amiga estava em choque.

— Stacy, eu preciso sair daqui!

— Para onde? Você não está bem...

— Eu estou ótima — disse Camila, mas sua voz estava embargada. Ela tentava se convencer, mas não sabia se conseguia.

— Se a médica estiver certa, eu não tenho nada, além de uma gravidez indesejada.

Stacy a observou com uma expressão preocupada, tentando entender o que Camila queria dizer.

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