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Os  olhos violetas encaravam a escuridão de um jeito cansado.

A presença de Marcella que em momentos assim lhe davam segurança e conforto, não estava ajudando nesse momento. 

Marissa sentia-se presa a um caos, seus pensamentos e emoções estavam voltados para Dorothy. Por mais que a entendesse, ela também sentia raiva e dor.

Doía ter sido abandonada, doía o vazio que a mãe havia deixado em seu peito. Ainda doía tudo pelo que passou nas mãos da avó. Foram momentos tão dolorosos que muitas vezes ela desejava esquecer.

Como a mãe dela pode tê-la deixado com aquela mulher mesmo depois de tudo que Mary fez a ela, Marissa não entendia. Ela tinha a consciência de que aquilo era algo que ela nunca faria, ainda mais com uma pessoa que a tratara tão mal.

De forma inconsciente Marissa levou a mão ao pulso, às vezes podia sentir o forte aperto da avó bem ali. Mary Hill era alguém que ela desejava apagar do cérebro e ela realmente tentava esquecê-la no entanto, às vezes ela se lembrava da mulher, do seu olhar odioso e zombeteiro, de sua voz irritada e enojada ao se dirigir a ela. Das ameaças veladas que muitas vezes a fazia recuar. 

Em momentos como esses, quando estava sozinha, ela ligava para Marcella. A voz da irmã sempre a acalmava, sua presença a confortava, mas não hoje.

De vagar, para não acordar a irmã, ela afastou as cobertas e se levantou. Os pés tocaram o chão gelado e ao invés de colocar as sandálias Marissa permaneceu descalço e caminhou até a porta. Ela cruzou os corredores a passos lentos, subiu as escadas com calma e entrou no quarto silenciosamente. As portas francesas estavam abertas e pouca luz que vinha de fora entrava por elas. Marissa as fechou e caminhou até a cama, Andrew já estava dormindo, não era para menos já se passava das duas da manhã. 

Ela subiu na cama e deitou ao lado dele. Com cuidado para não acordá-lo, ela o abraçou e encostou a cabeça em seu ombro. Andrew a envolveu num abraço e beijou sua cabeça.

- Desculpa, eu não queria te acordar. - Murmurou baixinho.

- Tudo bem, só estava cochilando. Aparentemente já me acostumei a dormir com a minha esposa, quando ela não está demoro horas para cair no sono. - respondeu num tom rouco.

- Também senti sua falta, mas eu precisava do colo da minha irmã.

- Não precisa mais? 

- Não, também já me acostumei a dormir com você.

- Boa, porque não pretendo te dividir com mais ninguém. A não ser com o bebê, mas ele pode dormir aqui com nós dois. - Marissa abafou uma risada e se aninhou ainda mais em seus braços.

- Boa noite Andrew.

- Boa noite Marissa. - ela fechou os olhos e adormeceu sentindo-se segura e confortada naquele abraço.

{...}

Os dias foram se passando sem outros dramas. 

Marissa voltou a dormir no quarto dela, às vezes adormecia antes de Andrew chegar e quando isso acontecia ela despertava ao ser abraçada por ele, mas em poucos segundos voltava a dormir. Outras vezes eles iam para cama juntos, com Andrew cansado pelo dia frustrante que teve, algumas vezes estressado por conta de toda a situação com Ivanov, mas Marissa nunca o deixava dormir assim. Ela conversava com ele, acalmava seu temperamento, em alguns momentos ela apenas o abraçava e sentia a tensão deixar seu corpo. 

E havia outros dias que seus humores estavam normal e suas noites acabavam em beijos acalorados cheios de desejo. Mas infelizmente aquela não era uma dessas noites. 

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