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Ansiedade. Essa era uma palavra e um sentimento que Marissa odiava. Era horrível o que a ansiedade podia fazer com uma pessoa e ela detestava.

Quando era mais nova só sentia ansiedade num dia antes das partidas de handebol e quando criança sentia a ansiedade explodir meia horas antes da avó chegar em casa ou ela ter que voltar para casa depois da aula. Nessa época as crises eram piores e lhe causavam uma crise de choro que por mais que ela tentasse controlar não dava e cabia a Marcella trazê-la de volta ao normal e garantir que tudo ficaria bem.

Para uma criança ter uma crise de ansiedade e pânico é algo horrível, e por isso quando entrou na adolescência aprendeu a lidar com o sentimento, mas não podia segurar na noite antes dos jogos. Anos depois as crises sumiram, até porque ela ficou mais confiante e parou de antecipar o futuro. Mas com o noivado com Andrew elas voltaram e agora com a sua volta para a escola ela sentiu isso ao quadrado. 

Precisava distrair a cabeça e não fazia ideia de como faria aquilo.

Faltam só três dias...

- Grrr. - passou a mão pelo rosto e pensou em coisas aleatórias, no entanto não pareceu funcionar.

- Marissa? - Laura a chamou fazendo com que ela a olhasse. Ela estava olhando a estante de troféus e fotos dos seus pais e parecia curiosa.

- Sim?

- Esse é o Rei Regan? - perguntou com curiosidade. Era obvio que era ele, Laura e qualquer um reconheceria o rei numa fotografia. Sabendo de qual foto ela estava se referindo Marissa respondeu sim - Espera você o conhece?

- Sim. Quer dizer ele foi na final do meu primeiro jogo de handebol no colégio. Até porque foi algo histórico, era a primeira vez, desde que os esportes após a guerra viraram a ser disputados contra outros países, que uma escola da Irlanda chegou a final e ele compareceu. Foi um jogo histórico. - Marissa lembrou-se sentindo a nostalgia e a dor no pulso surgir. Era sempre assim quando ela se lembrava desse jogo,  a final que ela jogou com o pulso torcido e que levou o primeiro título da modalidade para escola.

- Acho que sei que jogo foi esse. - Laura comentou olhando as jogadoras no quarto de hospital junto a Marissa que estava com o braço direito enfaixado - Eu já o ouvi comentar algumas vezes sobre um jogo de handebol que ele foi e uma jogadora entrou no segundo tempo com o pulso enfaixado e que graças a ela o jogo foi virado e as Irlandesas venceram a partida levando o título. Nunca na minha vida podia imaginar que essa garota seria você a noiva do Príncipe.

Marissa sorriu sem jeito e passou a mão pelos fios castanhos.

- Foi um jogo incrível, nunca vou me esquecer da dor que senti quando ele acabou. - ao ouvir aquele comentário Laura riu e se virou para ela.

- Por que você jogou? E como o técnico te colocou para jogar?

- O Sean não teve escolha, eu meio que o chantageei. - ela deu de ombros e Laura arqueou a sobrancelha impressionada - E elas estavam perdendo sabe? Nós lutamos tanto para chegar aquela final e estávamos perdendo feio. Eu me cansei de ficar sentada no banco vendo o meu time perder e pedi para entrar, Sean bateu o pé e eu acabei chantageando ele que por fim deixou me pedindo para não marcar gols e só dar passes e assistência. Lá pro final do jogo usei o pulso torcido duas vezes e não senti dor até que o jogo terminou. - Marissa narrou ganhando a completa atenção de Laura - Fiz um belo passe para Brianna e marquei o gol da virada, foi incrível.

- Você é louca.

- Meus amigos sempre dizem isso e usam o argumento de que eu joguei um jogo com o pulso enfaixado para comparar as coisas.

- Eu faria o mesmo. - Laura respondeu tirando o celular do bolso. Depois de uma rápida olhada na mensagem ela olhou para Marissa - É a Princesa Belinda, ela quer saber se você vai hoje para o Palácio.

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