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Os dias se passaram de forma lenta e melancólica.

Por mais pouco que fosse, os dias que Serena passou ali com eles foi o suficiente para todos sentirem falta dela. 

Annabelle perguntava constantemente pela amiga e sua mãe e sua avó tentavam abafar suas perguntas e pediam para ela não perguntar da garotinha para Andrew e Marissa. 

O casal estava distante, cada um recolhido num canto.

Marissa passava as noites com Marcella e os dias longe de Andrew ou do Palácio. A casa dos pais tornou-se seu refúgio e as horas que ela passava ali era deitada na cama dos dois ou na presença deles.

As dores e os medos de Serena acabaram despertando sentimentos, medos e angústias antigas, e essas a sufocavam. A presença e a segurança que seus pais geralmente transmitiam faziam pouco efeito sobre ela. Nem mesmo a voz de Marcella a confortava.

Seu peito doía, sua garganta ardia e sua mente vagava para essas lembranças antigas.

Aquele sentimento de abandono florescia em seu peito e a deixava sem chão.

- Isso é sobre ela ou sobre você? - Andrew havia indago pouco depois da partida da menina e no momento ela deixou as emoções falarem mais alto.

Mas horas depois, deitada ao lado de Marcella ela pensou sobre aquilo. 

Não era somente por Serena, mas por ela também. Ela esteve naquela mesma posição, mas havia uma diferença. Marissa sentia sentimentos que nunca sentiu antes, a necessidade de protegê-la e abraçá-la, um carinho grande e inexplicável e amor por aquela criança. 

Marissa realmente amou Serena, e isso não a assustava, mas sim a entristecia porque Serena seria como a maioria dos seus sonhos; distante.

- Marissa. - uma voz suave a despertou e ao olhar para cima, uma avalanche de sentimentos a atingiu.

- Dorothy.

Dorothy Sterb era a última pessoa que ela esperava ver. 

Desde sua última conversa, Marissa se fechou para qualquer tipo de interação e relação com a mulher. Havia muito no que ela tinha que pensar e colocar em ordem. E Dorothy deu espaço a ela, pelo menos até agora.

- Eu vim me encontrar com a Edna. - a mulher explicou dando um passo hesitante em sua direção - Para organizar o chá beneficente que fazemos todos os anos. - continuou nervosamente - Até que ela comentou comigo que você não estava se sentindo muito bem, que andava muito indisposta. E Shalley disse que não achava que tinha haver com a gravidez. Fiquei preocupada com você.

O nó que vinha carregando na garganta ficou mais largo, Marissa olhou para o chão e respirou fundo com intenção de conter as lágrimas.

- Você quer caminhar? - Dorothy perguntou do nada e sem nem mesmo entender o porque Marissa aceitou a oferta.

Em silêncio as duas caminharam pelo Palácio sem rumo aparente. Nenhuma das duas fazia ideia de para onde ia e nenhuma delas parecia se importar. Por fim elas acabaram numa enorme sala cheia de quadros pendurados na parede. Não eram quadros de artistas famosos ou conhecidos, algumas pinturas tinham traços infantis e outras traços mais firmes.

Um quadro específico chamou a atenção de Marissa; flores pintadas em varias cores. Era claramente um desenho infantil e na borda do quadro havia o nome do artista.

Nathalie Collemann

- Regan gosta de pintura. Só quem o conhece de verdade sabe disso, ele vivia ganhando desenhos e pinturas. Então quando o Palácio foi construído ele pediu para que fizessem uma sala somente para guardar os desenhos que ganhava. - Dorothy explicou olhando para um dos quatro - A maioria desses desenhos foram desenhados e pintados pelos antigos alunos dele.

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