Pequeno Wen

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Já fazia um bom tempo que minha irmã havia levado os jovens mestres para sua habitação, a fim de tratá-los e quando ela retornou estava com uma feição pensativa e sem A-Yuan em seus braços, o que desde a morte de nosso primo era algo raro - O que aconteceu?

- É uma longa história, vamos reunir todos essa noite temos algo importante a discutir - sem mais palavras ela saiu para uma caminhada, suspirei sabendo que ela demoraria a voltar, afinal sempre que ela tinha muita coisa em que pensar ela passava horas andando pelo jardim.

Fui até nossos tios informando da convocação de minha Shijie e no mesmo instante suas faces se tornaram sombrias, os acalmei informando que não parecia nada muito preocupando e lhes disse que sofrer por antecipação não seria bom para ninguém. Quando finalmente todos os ânimos se acalmaram decidi treinar um pouco de arquearia, tentando seguir meus próprios conselhos e acalmar minha mente.

"Dessa vez ninguém morrerá certo?"

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'Eu realmente queria que seus pais estivessem bem meu pequeno, mas... mas pode ter certeza que você será protegido e amado daqui para frente'

'Hmn. Se os Wens nos permitirem seremos seus pais e te amaremos para sempre, mas se não for desejo deles nós estaremos sempre ao seu lado cuidando de você'

Aquelas palavras e as feições daqueles que a disseram permaneciam em minha mente, se repetindo continuamente. Havia tanta ternura em seus olhares e ao mesmo tempo medo e uma dor que eu nem mesmo posso mensurar, uma dor de perda, um medo de não ser suficiente, de não conseguir proteger o que se tem de mais precioso. Esses medos e essas dores eu conhecia muito bem, eram elas que me faziam levantar da cama e eram elas também que faziam todo meu corpo estremecer agora.

- Doutora Qing? - uma voz profunda, agora familiar, se fez presente atrás de mim - O que houve? Precisa ir a ala hospitalar? - o Líder de Seita Nie pergunta, me oferecendo apoio ao ver minhas pernas fraquejarem.

Aceitando de bom grado seu auxílio e tentando me recompor, respondo - Há coisas que a medicina não pode resolver.

- O que quer dizer? - ele pergunta em um tom preocupado.

- Já sentiu tanto medo de perder algo precioso que até mesmo respirar te causava dor? - pergunto, desistindo de manter minha fachada forte.

Por alguns longos segundos ele olhou profundamente em meus olhos em seguida dizendo - Com sua licença - ele me ergueu em seus braços e caminhou pela seita, seguindo um caminho que eu desconhecia, entrando em uma habitação, me colocando sentada de frente a mesa de centro, com uma delicadeza que ia totalmente contra a imagem que aquele homem passava - Aqui não há ninguém para te ver fraquejar, não se contenha - ele disse antes de sair pela mesma porta que entramos e eu simplesmente não pude me conter, desabando em um choro culposo.

Alguns minutos depois o Líder de Seita retorna trazendo uma bandeja de chá, propositalmente ignorando meu rosto com traços óbvios de choro - Eu não entendo quase nada disso, mas um dos meus médicos disse que esse é um bom calmante - ele disse me servindo.

Senti a fragrância logo reconhecendo seus ingredientes e respondo com um pequeno sorriso grato - Sim, essas ervas são ótimas para isso.

- Sabe reconhecer o que foi usado apenas pelo cheiro? - ele questiona um pouco impressionado.

- Eu sou médica, preciso saber a qualidade dos medicamentos sem prová-los - respondo.

- Faz sentido - parecendo meio incerto ele diz - Se quiser... podemos conversar. Quer dizer - parecendo notar que poderia estar sendo inconveniente ele torna a falar - Esquece, não somos próximos, não deveria ter sugerido.

Replay - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora