🪖 Pʀᴏ́ʟᴏɢᴏ 🪖

1.6K 173 684
                                    

Seul — Coréia do Sul [Outono de 1953] • P A R K

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Seul — Coréia do Sul
[Outono de 1953]
• P A R K

Meus batimentos cardíacos estavam completamente desordenados, minha respiração descompassada, e minhas costas doíam, mas isso já era de costume. Inspirei o ar repleto de fumaça para dentro dos pulmões com desespero e o aceitei de bom grado, não importando-me com o quão tóxico ele era.

Meus olhos ardiam e coçavam, mas não levei meus dedos até eles, nem se fosse louco o faria; pólvora nos olhos era a última coisa de que precisava.

O barulho à minha volta era ensurdecedor, explosões, tiros, gritos, gemidos e vez ou outra um pedido desesperado de socorro vinha de algum lugar, mas não podia me importar, não deveria.

Corpos e mais corpos, alguns inteiros, outros nem tanto, acumulados pelo chão de terra e cascalho duro.

Mais uma explosão, um grito alto em meio aos demais e tudo voou pelos ares mais uma vez, causando um apito agudo em meus tímpanos. Tapei os ouvidos, tirando as mãos do meu fuzil por um breve segundo, para proteger-me da dor.

— AVANCEM!

Escutei uma voz gritar em meio a fumaça.

— PORRA! ESTÃO TENTANDO ULTRAPASSAR A BARREIRA PRINCIPAL!

Outra voz gritou, estava bem próxima a mim.

Não sabia a quanto tempo estava aqui, não sabia a quantos dias, mas meu estômago doía, talvez fossem dois ou três.

Sim, foram três...

Perdi a noção do tempo, perdi meu capacete.

Porra, meu capacete...

Meus olhos passaram por entre a correria, tentando identificar um rosto em específico, mas não o encontrei. Suspirei mais uma vez com força em frustração e balancei a cabeça, tentando por minha mente no lugar.

Se concentre... Se concentre...

Após um certo tempo, do qual eu já nem sabia mais contar, desprendi as costas da barreira feita com sacos de areia, virando-me em direção ao campo de confronto, espiando pelos vãos que abriram-se entre os sacos. Não havia muito o que ver, a fumaça cobria boa parte do local.

Mais uma explosão, um pouco mais próxima a mim desta vez, do lado direito.

Os desgraçados estão nos cercando...

Novamente sou obrigado a largar o fuzil e tapar os ouvidos.

— PARK!!!!! PARK!!!!

𝑳𝒐𝒖𝒅𝒆𝒓 𝑻𝒉𝒂𝒏 𝑩𝒐𝒎𝒃𝒔 / 𝑱𝒊𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora