Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ Tʀᴇᴢᴇ

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Sydney — Austrália [Inverno de 2021]• JUNGKOOK 

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Sydney — Austrália 
[Inverno de 2021]
• JUNGKOOK 

Após o susto inicial e uma cena confusa, onde aparentemente mãe e filho tinham uma conversa particular que só eles entendiam, me vi novamente a sós com a tal mulher e perdido com tudo que havia acabado de acontecer. 

No chão do cômodo, ainda restaram os pedaços grossos do que um dia foram xícaras, e a bandeja prateada ainda se encontrava abandonada sob a poça do que eu acreditava ser chá. O homem que as deixou cair, havia saído praticamente correndo após me ver, e apesar de me sentir confuso, o choque que senti em olhar naqueles olhos me fazia compreendê-lo por ter fugido. 

Eu não entendi nada do que se passou nos últimos minutos, muito menos entendia a postura calma da tal Jude Park em relação a mim. Eu podia notar suas mãos trêmulas, assim como as minhas, notei também seu olhar úmido, ainda sim, ela mantinha o sorriso doce e sereno nos lábios, o que eu não sabia dizer se me acalmava, ou me deixava mais apavorado.

Ela voltou a se sentar em minha frente, puxando do canto da mesa um bolo gordo de cartas coloridas que eu sabia serem de tarô. 

Eu podia ser cético, mas não era burro e não vivia em uma bolha...

Ela embaralhou as cartas grandes com seus dedos pequenos, enquanto mantinha os olhos fechados, respirando fundo e entrecortado, como se tentasse se concentrar no que fazia. As mesmas foram espalhadas em cima da toalha branca em forma de leque, e a mulher de cabelos castanhos passou a mão sobre elas sem tocá-las. As figuras coloridas estavam escondidas, viradas para baixo e a única visão que tinha, era o de suas costas azuis com desenhos dourados.

Nenhuma palavra sequer tinha sido dita, desde que aquele homem saiu. Quando o vi, pensei que infartaria ali mesmo, sem nem saber o motivo, e mesmo ele já não estando mais presente, eu me sentia ansioso demais, meu coração batia tão rápido que podia ser ouvido por mim, dentro da minha cabeça. Eu estava apavorado, mas não conseguia parar de fitar as malditas cartas à minha frente. 

— Preciso que feche os olhos, Jungkook. 

— O quê?

Eu estava extasiado, perdido, com medo, ansioso, mas a curiosidade e aquela sensação de que algo importante estava acontecendo, me fizeram fitar os olhos da mulher.

— Eu preciso que se concentre nas razões que te trouxeram até aqui e escolha três cartas do baralho. 

— A senhora vai dizer meu futuro nas cartas que eu puxar?

Havia certo desdém em meu tom, não era proposital, apenas costumeiro, estava nervoso demais para me atentar em minhas palavras e na forma em que eu as soltava. No entanto, ela sorriu, e negou enquanto me mirava com uma intensidade sem igual, podia jurar que ela estava vendo dentro da minha alma.

— As cartas não dizem o futuro Jungkook, isso é uma ilusão criada pelos filmes sensacionalistas e sem conhecimento, assim como pintam nós bruxas como vilãs, que voam em vassouras e adoram ao diabo.

𝑳𝒐𝒖𝒅𝒆𝒓 𝑻𝒉𝒂𝒏 𝑩𝒐𝒎𝒃𝒔 / 𝑱𝒊𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora