Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ Tʀɪɴᴛᴀ ᴇ Nᴏᴠᴇ

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Sydney — Austrália[Verão de 2021]• JIMIN

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Sydney — Austrália
[Verão de 2021]
JIMIN

Dormir voltou a ser uma tarefa difícil.

Quase não me lembrava da sensação de manter os olhos abertos, mesmo com meu corpo e minha mente implorando por descanso. Fazia tempo desde o meu último pesadelo, mas depois do que aconteceu, era de se esperar.

Meu desgaste criava alternativas, resgatando lembranças vagas, coisas bobas, que passaram batido; como a constante sensação de estar sendo observado de longe, ou no escuro. O arrepio dos olhares em meus passos, enquanto voltava do trabalho ou na padaria comprar pão. Até mesmo antes disso. Bem antes.

Tornou-se tão comum que cometi o erro de me acostumar. A presença agia como uma sombra, se esgueirando pelos becos, rastejando por baixo dos meus pés, implorando por atenção. Atenção essa que nunca dei, e esse foi apenas um dos meus deslizes.

Não fazia sentido, às coisas que Daniel vomitou além da porta, enquanto eu apenas esperava pelo horror, agarrado em Jungkook, ciente de que podia nunca mais voltar a vê-lo.

Voltei no tempo.

O fim se repetiu bem diante de nós dois, mas pelo menos não terminou do mesmo jeito. Porém, a dádiva não foi suficiente para que eu retornasse a minha perfeita paz; não pelos primeiros dias.

Mal conseguindo cochilar, acordava com falta de ar e com medo do que passou, sofrendo em silêncio, cansado demais para chorar alto, e também, sentindo-me culpado demais para acordar Jungkook.

Ele não saiu do meu lado.

Fora a vez dele de se hospedar aqui por um tempo, ao que meus nervos se acalmavam numa lentidão quase eterna. Não tinha prazo certo para melhorar, mas Jungkook não reclamou, ele só ficou comigo, mesmo que por muitas horas nem falássemos um com o outro.

O silêncio se transformou num conforto, pois qualquer barulho alto era suficiente para nos deixar nervosos. Lalisa recomendou repouso e pouca exposição a possíveis gatilhos, e isso valia tanto para o mais novo, quanto para mim. Princípio de estresse pós-traumático, foi o diagnóstico dela.

As lembranças e as auto cobranças não me deram trégua, e eu só consegui me sentir culpado, ou apavorado demais para sequer cogitar sair de casa sozinho. Para mim, tentar algo assim, seria como uma sentença de morte, e ainda que Lalisa afirmasse que nada iria acontecer se eu pisasse o pé na calçada, não acreditava nela. Felizmente a doutora não quis forçar suas suspeitas de paranóia em nós.

Quatro dias se foram até que a polícia viesse tocar nossa campainha. Dara veio junto com aquele mesmo policial barbudo, de pele chocolate, que me ofereceu um copo d'água após minha mão tomar sete belos pontos; Monroe era seu nome. Ambos trouxeram evidências, imagens tiradas do apartamento e do inferior do carro de Daniel, pois de acordo com Dara, haviam coisas que eu precisava saber; na verdade, que eu tinha o direito de saber.

𝑳𝒐𝒖𝒅𝒆𝒓 𝑻𝒉𝒂𝒏 𝑩𝒐𝒎𝒃𝒔 / 𝑱𝒊𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora