𝑳𝒐𝒖𝒅𝒆𝒓 𝑻𝒉𝒂𝒏 𝑩𝒐𝒎𝒃𝒔 / 𝑱𝒊𝒌𝒐𝒐𝒌

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ Qᴜᴀᴛᴏʀᴢᴇ

Sydney — Austrália
[Inverno de 2021]
• JIMIN

— Espera, deixa eu ver se entendi... — Fito o rosto de Seokjin, que mesmo estando coberto com uma máscara de hidratação branca, ainda era possível ver seu cenho franzido. — Então esse tal Jungkook te conhecia na sua vida passada?

— Aparentemente sim.

— Mano, isso é bizarro! — Taehyung exclamou, fazendo-nos ter a visão não muito agradável de sua boca cheia de salgadinhos de queijo já mastigados.

— Será que ele é o tal cara que morreu na sua frente?

A pergunta do loiro me fez suspirar, prendendo no peito mais uma dose da ansiedade que aquele assunto estava causando-me.

Obviamente eu pensei nisso, na possibilidade mais óbvia, no entanto, eu permanecia relutante para tal, afinal, o destino não seria tão clichê assim.

Ou seria?...

— Eu não sei. — Respondi meio cabisbaixo.

— Jimin, pelo amor, você disse que quando viu o cara quase teve um AVC! É óbvio que é ele!

— Eu sei Tae! Mas você não acha tudo isso muito, sei lá, impossível demais?

— Jimin, tu é filho de uma bruxa que também é médium, e você tem sonhos com a sua vida passada, onde você era um soldado que namorava outro soldado, NA DÉCADA DE 50! Quer coisa mais impossível que essa?

Aparentemente a máscara relaxante do mais velho não estava surtindo muito efeito, diante da sua falta de paciência, apesar de que paciência não era uma virtude muito presente nesse nosso trio.

— Jin, 'cê me entendeu.

— Eu entendi que você 'tá se cagando de medo, isso sim!

Encarei meus dois melhores amigos com um olhar sério demais, enquanto permitia-me tentar relaxar suspirando com força pela milésima vez. Ambos continuavam sentados exatamente do mesmo jeito desde que tínhamos dado início à conversa; pernas cruzadas em lótus e olhares curiosos, ainda sim, temerosos, permaneciam imóveis.

Eles conheciam-me muito bem, bem ao ponto de me lerem sem eu precisar dizer muita coisa, na maioria das vezes eu agradecia por isso, mas agora, só queria ser um 'pouquinho menos transparente.

Seokjin estava certo, eu estava me cagando de medo, e creio que o fato de estar, é o que apavorava-me mais. Estava com medo de tudo aquilo que vivi na infância e adolescência retornar com toda força; as noites em claro, os pesadelos intensos a ponto de deixarem-me completamente em crise, chorando alto, suando e tremendo por horas. Medo de estar realmente ligado àquele homem para o resto da vida, e que esse maldito fio vermelho invisível que nos conectava fosse resistente demais. Medo dele e da pessoa que ele era, já que eu não o conhecia, não sabia quão mal ele poderia me fazer. E principalmente, medo de não conseguir mais me conformar com sua ausência.