Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ Vɪɴᴛᴇ ᴇ Uᴍ

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Sydney — Austrália [Primavera de 2021] • JUNGKOOK 

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Sydney — Austrália 
[Primavera de 2021] 
• JUNGKOOK 

Fazia pouquíssimo tempo que havia me sentado naquela sala de espera, onde quase tudo ao meu redor era branco e azul. Extremamente branco e azul.

O som do relógio de ponteiro que ficava preso na parede à minha frente, soava seu tique-taque tão alto, que atrapalhava meu raciocínio, invadia meu cérebro, fazia-me querer sair correndo dali.

Estava preocupado para um caralho. E não precisava ser nenhum gênio para notar isso, já que minha perna direita chacoalhava para cima e para baixo, repetidamente, sem parar, enquanto eu fitava o corredor comprido por onde Jennie havia entrado, como se o mesmo fosse um abismo profundo e escuro.

No caminho até a clínica, a mesma não falou absolutamente nada. Apesar de que eu entendia que não dava para ter as melhores conversas do mundo sobre uma moto em alta velocidade, mas nem sequer um "vai devagar aí cacete!" a mesma soltou, o que era algo que ela fazia muito nas vezes em que saíamos.

Talvez eu devesse ter puxado assunto, mas estava nervoso demais para tal. Queria poder ser um homem menos tenso, que levasse a situação com mais clareza e tranquilidade; mas não tinha como. Ela estava mal, estava na merda, e não havia o que dizer que pudesse tornar aquilo menos fodido.

Uma coisa era certa, independente se era correto ou não, não era o melhor programa do mundo. Ninguém acorda um dia e fala "Ah, estou entediado, vou ali 'numa clinica de aborto", tudo isso é pesado, e é difícil. Não para mim lógico, afinal, a única coisa que tenho que fazer é ficar sentado aqui até ela voltar; mas para ela.

Merda, merda, imagina como 'tá a cabeça dela?...

Fecho os olhos com força, esfregando o rosto com minhas palmas geladas, por conta do ar-condicionado.

Eu deveria ter entrado com ela...

Mas ela quis entrar sem mim, disse que precisava fazer isso sozinha e eu respeitei sua decisão, mesmo que quisesse entrar naquele consultório e segurar sua mão até que tudo acabasse.

Ninguém veio me informar nada desde que ela havia entrado; a sala de espera estava praticamente vazia, já que eu era o único ali. Os ponteiros do relógio ficavam cada vez mais lerdos, minhas mãos não paravam de suar, apesar do ar gelado que ocupava todo o ambiente; estava claramente tendo uma crise, mas não podia fazer isso com Jennie, não podia ser fraco agora, pois ela precisava de mim.

Levando isso em conta, passei a respirar fundo diversas vezes, contando até dez devagar. Um, inspirar, dois, expirar, e assim sucessivamente. Exatamente como a doutora Lalisa havia me ensinado.

Jennie era uma rocha, mas essa rocha estava com uma rachadura feia, e eu queria poder ajudar, mas o máximo que podia fazer era colocar um curativo superficial em sua ferida, torcendo para que fosse o suficiente por enquanto. Não queria vê-la quebrar.

𝑳𝒐𝒖𝒅𝒆𝒓 𝑻𝒉𝒂𝒏 𝑩𝒐𝒎𝒃𝒔 / 𝑱𝒊𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora