Capítulo 5

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POV DAY

Minha mãe havia chegado e eu juro que não sabia como ela iria reagir ao ver a Caroline ali, porque apesar de ser simpática na frente das pessoas, ela também consegue ser extremamente autoritária e não mede esforços em me corrigir na frente dos outros.

- Oi, filha! Tudo bem? Como foi hoje? - perguntou enquanto colocava as chaves e a bolsa na cômoda da sala.

- Foi tudo bem, mãe. E aliás, essa é a Caroline. Ela é da escola e a gente tá fazendo um trabalho juntas. - apontei para a ruiva, mas a minha mãe aparentemente não tinha dado a mínima e veio logo em minha direção.

- DAYANE LIMA, QUANTAS VEZES EU TENHO QUE TE DIZER PRA VOCÊ TIRAR O UNIFORME DEPOIS QUE CHEGA DA ESCOLA? OLHA SÓ COMO ESTÁ TODO AMARROTADO! - olhei para mim mesma e percebi que adormeci com o uniforme. Merda eu sempre esqueço. Olhei para Carol de relance e ela estava um pouco assustada.

- E você foi toda de qualquer jeito de novo? Olha a sua gravata, eu nem falo mais nada. - continuou. - Vai pro quarto se trocar agora.

- Sim, senhora. - apenas acenei e me dirigi ao quarto. Tirei o uniforme rapidamente, coloquei uma blusa simples preta, um short de ficar em casa e minha touca. Voltei pra sala e ainda consegui ouvir a minha mãe:

- Ah querida, desculpa se te assustei, mas essas coisas não dá pra passar batido e eu tenho que falar toda vez, porque não sei se a Dayane realmente não capta as coisas ou finge que não ouve.

- Não, tudo bem. De verdade. - Caroline respondeu quase inaudível.

- Mas e aí? Vocês vieram fazer trabalho da escola? - minha mãe perguntou.

- Isso, dona... desculpa não perguntei seu nome.

-Dona Selma. Mas pode me chamar de Selma só, viu? - a ruiva acenou positivamente.

- Oi, voltei. - falei.

- Ah, agora sim. Bom, vocês podem voltar pro quarto e terminar o trabalho de vocês e enquanto isso eu faço um lanche pra vocês. - minha mãe disse isso se dirigindo a cozinha.

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- Des-desculpa pela minha mãe. Ela consegue ser bem autoritária quando quer. - falei.

- Mãe, né? - a ruiva disse. - A minha também é bem exigente as vezes, quase sempre. - riu.

- É só que, aqui qualquer coisa é motivo pra ela brigar comigo, por mínimo que seja e além disso... - resmunguei me jogando na cama. - ... Eu tô na corda bamba, qualquer deslize que eu cometa, praticamente eu vou assinar minha sentença de passar anos presa num internato em outra cidade. - suspirei.

- Ué? Por quê? - Carol perguntou confusa e sentou ao meu lado.

- Eu repeti de ano, Carol. Qualquer nota baixa que eu tire naquele inferno, eles vão me mandar pra lá. - respirei fundo.

- Ei, ei. Calma aí! Você vai conseguir sim. - por algum motivo aquela fala me deixou segura e calma.

- Você acha? - perguntei.

- Uhum. - balançou a cabeça positivamente. - Qualquer coisa a senhorita, que não passa de uma adolescente rebelde, é só me chamar que eu te ajudo. - levantou e sorriu novamente.

Meu Deus, e que sorriso. Desde a primeira vez que a vi não consegui de maneira alguma tirar os olhos dela. A Carol deve me achar até um pouco estranha ou alguma babaca que vá fazer bullying com ela, mas não, é que ela é extremamente bonita e é impossível não olhar.

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- Que foi aquilo na aula, Day? - Luísa me perguntou enquanto íamos até o pátio.

- O que?

- Como "o que" criatura? Você secando a guria com os olhos. - me deu um tapa na cabeça.

- EI! Para ou, que saco! - bati nela de volta.

- Vocês duas parecem duas crianças. - disse Dreicon.

- E quem te perguntou, mané? - falei.

- Iih, tá bravinha ela. - agora era o Victor.

- Ala o outro inconveniente chegou também.

-  Ela só tá putinha assim porque não admite que tá apaixonadinha na nova guria ruiva da sala. - Luísa cortou.

- Aff, mano. - resmunguei. - Não tô não, eu hein.

- Então por que ficou olhando ela, eu hein? - respondeu enquanto comia uma barrinha de cereal.

- Eu não tô apaixonada por ninguém. Só achei ela interessante e diferente do povo dessa escola, que parece que veio tudo do mesmo lote de fabricação. - falei enquanto abria uma latinha de refri.

- Tá apaixonada ela gente! - Dreicon gritou.

- Não tô não, chatão! - mostrei o dedo do meio pra ele.

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- Então... - Carol falou me tirando dos meus devaneios. - Você já quer adiantar alguma coisa?

- Claro, claro. Eu vou ligar o computador aqui e já vou pesquisando sobre ele. Tá bom? - perguntei.

- Tá bom, eu vou tentando escrever o resumo aqui enquanto isso. Aí depois você lê, o que acha?

- Perfeito. - respondi.

Passado um tempo, demos uma pausa pra comer os lanches que minha mãe havia feito.

- Hummm, meu Deus tá uma delícia. - Carol disse enquanto abocanhava mais um pedaço. - acabei rindo.

- Que foi? - perguntou.

- Nada, nada não. Eu achei engraçado o jeito que você falou e fez uma carinha junto, foi fofo. - respondi.

- Ah, menina. É que assim, comida é meu tópico preferido. Taurina né?

- Agora tá explicado. - ri de novo.

- E você? Que signo você é?

- Gêmeos. - acabei mostrando a língua sem querer.

- Agora tá explicado também. - falou.

- O que? - perguntei confusa.

- De você ter mó cara de bad girl, mas é só um neném.

- Oh meu Deus, fui desmascarada. - fiz um draminha. - Não conte pra ninguém, porque eu quero manter minha pose de marra naquela escola.

- Sim, senhora. - respondeu. - Não irei revelar seu segredo. - nós rimos muito.

Por fim, terminamos o trabalho e Carol foi embora. Mas, obviamente minha mãe não tinha terminado e só estava esperando a menina ir embora.

- Dayane. - parou na porta do meu quarto.

- Oi, mãe.

- Da próxima vez que essa menina ou qualquer outra pessoa vier aqui em casa e seu quarto estiver nessa bagunça, você vai sentir o que é ficar 1 mês sem essa preciosidade de celular. Você tá me entendendo? - concordei cabisbaixa. - NÃO me faça passar esse tipo de vergonha. Agora vê se arruma, porque você vai me desculpar o que eu vou te falar, mas tá um lixo isso aqui.

- Tá bom, mãe. - respondi e ela saiu.

(não) Te amo Onde histórias criam vida. Descubra agora