Capítulo 6

624 73 11
                                    

Pov Carol

No caminho de casa, não consegui parar de pensar no que tinha acontecido mais cedo no quarto de Dayane. Quando ela se aproximou de mim, minha respiração acabou ficando falha e eu não sei explicar o que exatamente eu senti, mas por um instante, achei que ela faria alguma coisa, o que obviamente não faz nenhum sentido. Mas de qualquer forma, não consegui parar de pensar nisso.

Assim que cheguei em casa, vi que todos já estavam reunidos na sala para assistirem TV, o que também já fazia parte da nossa rotina diária, exceto nos domingo, que todos dormiam a tarde.

- Mas é claro que alguém vai chamar de rapaz, olha as roupas que ela tá usando. Quer andar como homem, quer beijar mulher igual homem e daí fica brava quando chamam de homem? - Meu pai retrucava a TV enquanto passava alguma coisa no jornal.

- Oi Carol, você demorou filha. - Minha mãe se levantou para me dar um abraço.

- Onde você estava mocinha? - Meu pai falou em um tom sério, mas logo em seguida deu um sorrisinho. Minha mãe provavelmente já tinha avisado ele sobre o trabalho.

- Estava fazendo um trabalho na casa de uma colega. - Respondi simples enquanto me sentava no sofá junto deles.

- Só estavam vocês duas ou tinha mais gente? - Meu pai perguntou - Sabe que não gosto de você saindo sozinha com outros rapazes, não sabe?

- Sei sim pai, mas estava só ela e a mãe dela. - Sorri um pouco sem graça. - O que estão assistindo? - Perguntei mudando de assunto.

- Uma pessoa que quer chamar a atenção. - Meu pai voltou ao tom inicial de quando cheguei em casa.

- Uma garota entrou em um provador feminino e a mulher da loja abriu sem nem bater porque achou que era homem, por causa do cabelo. - Rafael explicou rapidamente.

- Já disse que isso é tudo pra chamar a atenção, se é mulher e a vendedora também é, o que tem de mais ela ter aberto? Ela quer que a moça seja demitida por isso? Ela só estava fazendo o trabalho dela.

- Mas pai, e a privacidade? - Perguntei um pouco baixo.

- Mas Caroline, ela achou que era um rapaz, e parece mesmo, claro que ela ia confundir, já pensou se deixam um homem ficar no provador feminino se fosse homem de verdade?

- Pai ela é uma garota que gosta de outras garotas, mas não é por isso que ela quer que achem que ela é homem - tentei explicar

- Então é só ela usar umas roupas mais femininas e deixar o cabelo crescer. Quê isso? pra que essa arruaça toda? - Meu pai retrucava parecendo realmente indignado.

- As coisas não são assim pai... - Rafael tentou falar mas foi interrompido abruptamente.

- Vem cá Rafael, por que você tá defendendo tanto essa corja? Você por um acaso é gay?

- Quê? Não pai, eu só acho que cada um tem a sua vida.

- Olha olha hein, eu não quero esse tipo de coisa aqui em casa. Eu to cansado de falar que esse tipo de coisa é errada e vocês sabem muito bem, tá até na bíblia. Deus não gosta desse tipo de coisa. Mas aí vocês andam com pessoas que são assim e vão querer achar normal. Se for pra se influenciarem desse jeito, parem de andar com gente assim.

- Eu não sou gay, pai. - Meu irmão falou um pouco mais baixo, parecendo envergonhado por meu pai estar falando aquelas coisas.

Assistimos mais um pouco de TV, mas acabei não prestando atenção, minha mente sempre voltava nas coisas que aconteceram no quarto da morena.

(não) Te amo Onde histórias criam vida. Descubra agora