Capítulo 7

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Pov Narrador

Carol se sentia uma estúpida, ela nunca deveria ter agido daquela forma com a Dayane, mas ela acabou se deixando levar pelos comentários de seus pais e de Elana, talvez mais pelo de seus pais... Ela queria arrumar alguma desculpa para ter agido daquela forma, por ter tido medo da day estar gostando dela e por ter se afastado, mas a realidade é que ela se sentia diferente perto da day, diferente não, ela se sentia ela mesma... Não é como se ela e day fossem totalmente diferentes, e isso a assustou, pois se ela se sentia igual a day ela era tudo aquilo que os pais dela odiavam.

Day chegou na sala de aula desnorteada e a Luísa foi a primeira a perceber que ela não estava nada bem. Assim que a morena sentou-se em sua cadeira sua amiga se aproximou preocupada.

– Hey, o que houve? - perguntou tentando fazer a day olhar para ela mas a mesma não estava querendo fazer contato visual.

– Nada não, está tudo bem - mentiu pois não queria aborrecer a Luísa.

– Não parece, eu conheço você, me conte! O que houve? - insistiu mais day não estava pronta para falar, ela estava com muita raiva e muito triste ao mesmo tempo.

– Só tive uma desavença com a novata, não foi nada demais! Agora presta atenção na aula - falou seriamente e a loira sabia que ela estava mal e que não adiantaria pressionar que só iria piorar toda a situação.

Menos de dois minutos depois day pode ver Caroline entrando na sala e parecia ter chorado, ela não queria sentir remorso pela forma como falou com a ruiva, mas não entendia ela chorar se quem saiu ofendida foi ela. Viu ela se aproximando dos amigos e dizendo alguma coisa enquanto negava com a cabeça, day preferiu se concentrar na apresentação de seus colegas que já estava acabando pois ela seria a próxima.

– Caroline Biazin e Dayane Lima, fizeram o trabalho? - a professora perguntou olhando diretamente para Dayane.

– Fizemos sim, professora. - a morena falou se levantando e tirando um papel da bolsa onde continha toda a parte escrita que deveria entregar a professora.

– Bom, então podem começar! - disse com um sorriso no rosto esperando para ver a apresentação das duas.

A ordem era biografia e resumo do livro, então Dayane respirou fundo e começou a falar:

– Augusto Jorge Cury é um psiquiatra, professor e escritor brasileiro. Augusto é autor da Teoria da Inteligência Multifocal e seus livros foram publicados em mais de 70 países, com mais de 25 milhões de livros vendidos somente no Brasil. Ele é conhecido também por seus livros de auto ajuda, como por exemplo livros que ajudam no combate a ansiedade, e outros diversos transtornos mentais que afetam a habilidade humana de socialização e de desempenhar seu papel de forma coerente na sociedade - Falou surpreendendo a todos e até a professora.

– Foi uma boa escolha de autor! Augusto Cury é realmente fascinante - a professora elogio - estou curiosa para saber, que livro escolheram?

– Filhos brilhantes, Alunos fascinantes. - Caroline respondeu seriamente, era perceptível o quanto as duas não estavam nada bem.

– Interessante escolha, pode começar seu resumo sobre o livro - a professora pediu e Caroline respirou fundo antes de começar.

– O livro aborda a questão da dificuldade no ensino atualmente, as crianças estão sendo criadas no automático, apenas para pensar no material, quase como robôs, e que deveriam ser criadas de formas mais humanizadas,  mas o trabalho de educar uma criança é em conjunto com os pais, os profissionais da educação só podem ensinar o que lhe foi encarregado, a parte emocional, afetuosa, tem que vir dos pais e isso está em falta nos dias de hoje... Apesar de ter vários métodos de crianção, como a criação Montessoriana, os pais acabam refletindo em seus filhos atitudes que eles viram nos pais deles e isso acaba virando um ciclo vício... E em minha opinião, e sobre o que eu estudei, as atitudes das crianças são reflexos do comportamento dos pais, do que eles vêem diariamente. Se dentro de casa eles têm um péssimo exemplo eles acabam levando isso para escola, dificultando assim o trabalho dos professores. O que eu quero dizer é, que as vezes a criança... O indivíduo apenas reproduz o que vê em volta, o que ouve, o que ele acha ser o certo porque todas as pessoas que o cercam, e são influentes, reproduzem - falou olhando para day - e as vezes eles só precisam ser ensinados um outro caminho a seguir, e isso ajuda a destacar a teoria de Augusto, os professores não podem fazer milagre se os pais são os que mais têm influência sobre os alunos... - concluiu por fim.

Day havia entendido o que ela queria dizer, se sentiu culpada por ter sido tão dura com a ruiva, mas também não era totalmente sua culpa, ela estava acostumada a ser julgada apenas por ser quem é, a ser rejeitada e abandonada por causa do preconceito alheio, mas ouvir tudo aquilo sair da boca de Carol, era quase como um pedido de desculpa. Antes que a day pudesse falar alguma coisa ela só ouviu as palmas e a ruiva sair correndo pela porta e seus amigos sem entender absolutamente nada.

– Pode se sentar, senhorita Lima - a professora falou tirando a morena de transe.

– Poderia ir no banheiro? Prometo não demora - pediu educadamente e a professora apenas assentiu em permissão.

Ela foi até o banheiro e encontrou a ruiva lavando o rosto. Day não conseguia entender o porquê que ela estava tão mais afetada com tudo, e não entendia o porquê de estar tão preocupada com o que a novata estava sentindo.

– Mandou bem na apresentação - falou chamando atenção da mais nova.

– Obrigada, você também! - retribuiu o elogio sem a olhar nos olhos.

– Olhe, me desculpe pela forma que eu falei mais cedo... É que quando se é lésbica... se descobre lésbica, as pessoas têm costume de lhe julgar apenas pela sua sexualidade, se afastar por você simplesmente ser quem você é, e eu acabei entrando em modo de defesa - day falou tudo em fôlego só.

– Eu quem deveria pedir desculpas, eu fui muito estúpida com você, mas é que eu não soube como reagir, eu sinto... Essas coisas quando estou perto de você, eu fico nervosa, eu acabei me deixando levar pela fala do meu pai e pelo que minha amiga falou, e sei que não deveria, só... Tive medo - confessou baixinho e day entendeu o que estava se passando na cabeça da mais nova.

– Eu entendo você, isso deve ser muito novo, e tá tudo bem sentir medo - falou se aproximando - se precisar conversar, desabafar eu vou estar aqui pra te ajudar com qualquer dúvida - disse surpreendendo a ruiva com um abraço, um abraço tão confortável que fez a ruiva não querer sair dali nunca mais.

(não) Te amo Onde histórias criam vida. Descubra agora