Capítulo 38

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Demorei, mas cheguei :-)

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Pov Carol:

Segundo o dicionário português, coragem significa "postura firme diante de riscos ou do perigo", e eu sinceramente nunca me considerei uma pessoa corajosa. Não porque eu não quisesse, mas porque, por eu ser a filha mais nova, sempre existiu quem enfrentasse as situações ruins por mim. O Rafael sempre foi um irmão muito protetor, que me defendia de tudo. E, quando ele não estava por perto, o Renan estava.

Porém, tudo isso mudou quando, naquela tarde de quinta-feira, eu reuni toda a coragem existente dentro de mim, olhei seriamente para o meu pai e com a voz firme, falei sem exitar em alto e bom som:

– Goste o senhor ou não, eu estou indo atrás da garota que eu amo!

E eu não sei se era porque a minha mãe estava observando a cena junto com o Renan e isso fez brotar em mim uma força que eu nunca havia sentido, mas quando atravessei a porta da sala sem ao menos esperar a resposta dele, me senti a pessoa mais invencível da face da Terra.

Desde que minha mãe havia enfrentado ele e vindo conversar comigo, o mesmo estava em completo silêncio e até andava me evitando. Ele passou a me ignorar dentro de casa e só respondia a minha mãe com respostas curtas, quando ela perguntava algo. No fundo me doía ser tratada desse jeito, mas após uma longa conversa com o Rafa no caminho para a escola hoje pela manhã, me convenci de que o problema não era eu.

Peguei a minha velha bicicleta e pedalei pela calçada, tomando o caminho da casa da minha morena. Não sabia muito bem o que diria quando chegasse lá e a visse, mas eu precisava falar com ela e explicar tudo. Eu só torcia muito para que ela não estivesse me odiando muito e que me entendesse.

Demorei um pouco mais do que costumava quando ia de carro com o Rafa, mas até que valeu a pena porque pude ir colocando meus pensamentos no lugar durante o percurso. O clima estava um pouco frio, o céu cinzento e algumas nuvens grossas se formando, mas eu não iria deixar isso me abalar ou me desviar do meu objetivo.

Quando cheguei em frente a casa da Dayane, eu travei. Sentia as minhas mãos suando, meu coração batendo descompassado e nem era pelas pedaladas que eu havia dado para chegar até aqui. Isso porque eu não sabia qual seria a reação dela, se estava com raiva de mim ou se queria me ver. Engoli todo o meu medo e abri o pequeno portão que dava acesso ao jardim da casa. Subi os degraus e toquei a campainha, mas não obtive resposta. Toquei mais uma vez, achando que não tivessem escutado, só que mais uma vez ninguém saiu. Na terceira tentativa eu me convenci de que não havia ninguém em casa.

Eu tinha duas opções: voltar para casa e talvez perder a coragem de falar com ela, ou ficar esperando ela voltar para casa e tentar uma conversa. O problema é que eu não sabia se ela voltaria logo, ou se demoraria muito tempo. De qualquer forma, achei melhor esperar. Para alguém que ficou longe da pessoa que ama por longas semanas, esperar mais algumas horas não era um problema tão grande assim.

Joguei alguns jogos aleatórios no celular, andei de um lado para o outro quando me cansei de ficar sentada, dei uma limpada na minha galeria e excluí alguns contatos de pessoas que eu nem sequer conversava. Tudo isso na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido, mas nada parecia funcionar. Foi então que eu lembrei que havia trago "o amor não é óbvio", o livro que eu havia comprado e começado a ler e então o peguei para dar continuidade a minha leitura.

Mergulhei tanto na história, que não me dei conta de que o céu estava completamente escuro agora e que havia esfriado ainda mais, e muito menos notei quando passos soaram na calçada e alguém atravessou o mesmo portão por onde eu havia entrado.

(não) Te amo Onde histórias criam vida. Descubra agora