1 ano atrás
Eu estava limpando quando a porta de madeira, quase aos pedaços se abrir, a brisa fria do inverno me fez estremecer, Feyre passou por ela com a pele de um lobo e uma corça, ela parecia cansada, caçava todos os dias desde que o inverno chegou e não conseguia nada. Dava pra ver os círculos escuros ao redor de seus olhos, estava fraca assim como eu e minhas irmãs.
Nestha a observava do sofá, lendo, com sua pose inabalável e superior, deixava claro um certo desgosto em seu olhar, eu desviei o olhar de Feyre a a fitei com um olhar frio, ela revirou os olhos azuis e voltou a ler seu livro.
-- Feyre -- Elain arquejou assim que a viu, enrolada em seu cobertor, seu cabelo castanho dourado, como todas nós, preso em um coque. -- Onde conseguiu isso? -- Sua fome aparente no tom de voz.
Feyre suspirou e soltou a carcaça dos ombros, que atingiu a mesa com seu peso e fez uma xícara de chá tremer; ela virou seu olhar para mim e eu me forcei a sorrir levemente para ela, que relaxou um pouco os ombros como se absorvesse o carinho, aquecendo seus dedos congelados.
-- Onde acha que eu consegui? -- Respondeu com sua voz doce agora rouca, enquanto descalçava as botas e as colocava ao lado da porta; ela se virou para Elain -- cujo os olhos ainda estavam na corça.
-- Vai demorar muito para você limpar? -- Quando ela disse isso eu suspirei engolindo a raiva e a escondendo dentro de um espaço profundo dentro de mim até que ela não transparece e eu voltasse a expressão de sempre, fria e calma; Sempre Feyre, sempre Amelia, nunca elas, nunca mexeram um dedo e eu as odiava por isso, as amava por serem sangue do meu sangue, minhas irmãs, mas as odiava por fazerem aquilo com Feyre, minha irmã mais querida, minha única família de verdade, que me fazia continuar todo dia, aquela por quem eu iria até o inferno. Não conseguia entende-las. Quando Feyre começou a caçar eu tinha 13 anos, implorei para que não fosse, pedi para acompanha-la, ela me proibiu, me culpava todos os dias quando ela passava por aquela porta, exausta, congelada, algumas vezes machucada, fiz de tudo que conseguia para ajuda-la, ia as proximidades da cabana conseguir madeira para construir coisas e vende-las, ia a vila toda semana vender o que conseguia fazer, a limpeza e cozinha da casa eram feitas por mim, construí um canal do rio até a casa para os banhos, a água era fria algumas vezes, mas como passava por baixo da terra normalmente tinha algum tipo de calor minimo; me culpei e coloquei o peso de tudo que podia em minhas costas, para que não estivessem na dela. Enquanto elas estavam ali, fazendo absolutamente nada. Como elas conseguiam olhar nos olhos da irmã? Eu nunca iria entender; soltei um estralo com a língua que chamou suas atenções para mim.
-- Eu faço. -- Digo com a voz calma sem nenhuma emoção e saio de onde estava para pegar a carcaça da corça na mesa.
Meu pai e Nestha estavam no sofá ainda se aquecendo, obviamente ela o ignorava, como sempre. Elain ainda tinha seus olhos na corça, faminta, tanto quanto eu. Feyre a olhava com carinho em seus olhos, ela não tinha raiva, talvez cansaço e um pouco de tristeza em ver que as irmãs a tratavam como uma empregada, mas não raiva. Eu não odiava Elain tanto quanto odiava Nestha; vi a felicidade em que Feyre ficou no verão em que a do meio deu-a latas de tinta, o primeiro presente que ela já deu, eu dava presentes sempre que conseguia, o que era raro, ou dava das minhas próprias coisas; a partir daquele momento em que fez bem a minha irmã, minha raiva se tornou controlada, ainda existia, mas era controlável.
-- Feyre. -- Meu pai falou, a barba escura perfeitamente aparada -- Que sorte você teve hoje de nos trazer tal banquete.
Ao seu lado Nestha riu com escárnio, não era muita surpresa. Qualquer elogio para qualquer um era brindado com seu desprezo, e tudo que nosso pai falava era ridicularizado por ela também. Ela sim eu odiava, gastava todo o pouco que conseguíamos e além de não levantar o dedo, ridicularizava todos, até Feyre que se enfiava nas profundezas da floresta para a alimentar; isso já foi a pauta de várias discussões entre nós, certa vez quando ela desprezou minha irmã, dei um tapa eu sua cara e deixei bem claro que se fosse tão cruel com ela de novo faria pior. A odiava com todas as minhas forças, Feyre tentava nos apaziguar, eu não entendia, depois de tudo que Nestha a falou, como a tratava, ela ainda não tinha raiva. Mas tudo bem, eu tinha rancor o suficiente para nós duas.
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Corte de borboletas da morte
FantasyAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...