I gave my blood, sweat and tears

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      Você pode amar muito alguém, mas você nunca pode amar uma pessoa tanto pode sentir falta dela.

     E estou sentindo falta dos que amo desesperadamente; como se meu coração servisse apenas para bombear o sangue que irá para meus pés, somente com o propósito de dar mais um passo na direção em que ficarei mais perto deles.

     À meu coração convém existir, não bater.

     Tudo por uma mera possibilidade de tê-los de volta.

     Não obstante, é uma esperança tola. E esperança, perpetuamente, é uma droga alucinógena. Parece que estou à espera de algo que nunca vai acontecer.

     Nunca dependa da esperança para sobreviver — se agarre a algo mais constante. Tolos dizem que aferrar-se à emoções é sinal de fraqueza, muito pelo contrário; as emoções são armas poderosas se empunhadas de maneira correta. Compreenda: Em todos os aspectos, afinque-se nos mais fortes com unhas e dentes. Amor, por um lado pode ser forte, todavia, é inassíduo. Alimentar ódio é mais eficaz; ele jamais dissipasse completamente, é vitalício e poderoso. Mas cuidado, não deixe que ele o cegue. Lapide seu ódio na forma perfeita de uma espada, então, o que era um diamante bruto se torna uma lâmina inquebrável.

      Nunca abrace sentimentos passageiros. — Três regras:

     1- Nunca prometa nada quando estiver feliz.

      2- Não responda nada quando estiver irritado.

     3- Não decida nada quando estiver triste.

      Ou melhor ainda, não deixe que nada atinja-o.

      Hodiernamente, sou mais como um predador sobrevivendo, do que uma pessoa. Sem emoções. Sem fraquezas.

      Exceto pela dor física que me empenho a ignorar. Querendo ou não, ela machuca. Não tanto quanto as mentais, que sou subjugada a suportar.

      Vazio. Tudo é vazio e escuro. Nenhuma luz.

      E me encontro sozinha.

       Sozinha na escuridão, como em minha alma — no entanto, saber o que se passa dentro de si, e ver com os próprios olhos é bem diferente. Bastante.

      Me debato nos braços de duas criaturas corpulentas, meus braços estão sendo segurados e cortados por garras afiadas, do mesmo modo que minha barriga exposta pela metade. Minha mente está em tortura enquanto meu corpo também, e só sei grunhir e me bater.

       Não me permito gritar — não perto deles.

       Mãos seguram-me como cordas com nós de marinheiro em meus antebraços, ao mesmo tempo em que o outro passa a ponta da garra por minha pele ensanguentada e suja.

      Espero até que a criatura — que apelidei de Nagendras, graças a pele escamosa como a de uma serpente — chegue mais próxima de mim. Esbarrei com algumas Nagendras previamente... Seres dificilmente enganáveis, devo admitir, mas não invencíveis.

      Pele escamosa cobre todo seu corpo, dura e quase imperfurável. Entretanto, o tecido da parte inferior do abdome é mais mole e elástica para comportar o maior costume das Nagendras — comer sua presa inteira.

      Não sei a quanto tempo estou aqui. No inferno o tempo não passa, não existe tal conceito. Talvez se — quando sair daqui eu tenha uma ideia...

     A Nagendra diante de mim, com um sorriso asqueroso que enruga as bochechas, avança com as presas frontais em minha direção.

      Ignoro toda a escuridão que me dá enxaquecas e revira meu estômago. Não posso me deixar abalar.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora