Today is never too late

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Ela estava parada a porta.

Como um fantasma na neve. Elain ainda chorava baixinho; Nestha, encarava Feyre da escada, mão apoiada no corrimão.

E eu. Nunca senti tanto ódio, felicidade e alivio ao mesmo tempo. Estava tão feliz e aliviada por finalmente a ver ali, viva, minha irmã estava viva. E ódio, um ódio interminável e desesperador. Ela mentiu, não confiou em mim, me deixou sozinha em lágrimas, me deixou achar que estava morta, sequer se deu o trabalho de mandar uma carta. A opção que eu temia era verdade, ela não se importou em avisar que estava bem, que estava viva, me deixou quebrada, achando que a pessoa que mais amei estava morta, se esquecera de mim.

Eu levanto meu braço direito devagar, apontando o indicador para ela. Com os olhos marejados, tremendo incansavelmente; digo com a voz tremula carregada de raiva:

— Você. — Ela se vira pra mim, seus olhos se enchem d'água. — Por que não mandou uma carta?

—A melia... — Feyre abre a boca para falar mas não consegue.

— Como ousa? Como ousa não se importar o suficiente para avisar que estava viva? — Minha irmã ainda gaguejava. Eu abaixei meu braço devagar, andei até ela e a abracei, como se me segurasse a única coisa de verdade no mundo, não segurava mais as lágrimas que caiam como fontes infinitas, soluçava. — Senti saudade Fey.

— Senti saudade também Amelia. — Ela me abraça também, surpreendentemente forte. Suas bochechas estavam molhadas, e eu ainda a odiava, mas a amava com todas as gramas de meu ser.

************

Estávamos sentadas na lareira de mármore entalhado na sala de estar, Feyre com o capuz sobre a cabeça, perguntou:

— Onde está papai?

— Em Neva — explicou Nestha, citando uma das maiores cidades do continente. — Negociando com mercadores da outra metade do mundo. E participando de uma reunião sobre a ameaça acima da muralha. Uma ameaça sobre a qual, imagino, você tenha voltado para nos avisar.

Nenhuma palavra de alívio, de amor — jamais de Nestha.

Elain ergueu a xícara de chá.

— Qualquer que seja o motivo Feyre, ficamos muito felizes por vê-la. Viva. Achamos que estava...

Feyre puxou o capuz, e eu vi, as orelhas longas, o rosto sobrenaturalmente mais belo, a aura magica que tinha.

Ela era feérica.

A xícara de Elain chacoalhou. Minha irmã se apressou em dizer:

— Eu estava morta. Estava morta e então renasci, fui refeita.

Elain apoiou a xícara de chá trêmula na mesa baixa entre nós. Liquido âmbar se derramou pelas laterais, empossando o pires.

E conforme ela se moveu, Nestha se inclinou... muito levemente. Entre Feyre e Elain.

— Preciso que ouçam.

E ela contou sua história, em detalhes, contou sobre o sob a montanha. Das provas. E de Amarantha. Contou sobre a morte. E a ressurreição.

Senti sua dificuldade no entanto, de falar sobre os últimos meses, então foi mais breve.

Mas explicou o que precisava acontecer aqui: a ameaça de Hybern. O que minha casa precisava ser, o que precisaríamos ser, e o que precisava de nós.

Ficamos em silêncio quando terminou, eu analisava a situação e via as possibilidades que poderiam fazer, aquela na verdade, era a melhor opção.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora