Capítulo 86

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Amelia Archeron


Dentre as lojas e restaurantes empilhados lado a lado às ruas reluzentes, estradas de paralelepípedo se estendiam como ramos e galhos por Velaris. Comerciantes sorriam a todo vapor, gesticulando sob a luz refletida dos postes e estabelecimentos para seus produtos. Cores dançavam como um arco-íris, seja pelos feéricos, seja pelas paredes e vendas. O manto de estrelas caia sobre Velaris, cintilando.

Nenhum dos feéricos reconhecia minha presença abertamente, embora eu supunha que a maioria sabia quem eu era. Não queriam me desconfortar, como haviam dito anteriormente. Alguns dos prédios residenciais entre as lojas foram reconstruídos por mim. Desde a estrutura até a criação, tudo saiu da mesa da "biblioteca" de Azriel e minhas mãos. Dos meus poderes de criação, vieram os materiais; do caos, veio a construção. E outros detalhes como a corrente elétrica e encanamento vieram dos respectivos poderes.

Por Velaris, eu podia caminhar ao lado de Azriel em harmonia cantarolante.

— Já falamos sobre isso, morceguinho. Já falamos sobre isso... — disse, apertando o braço que eu segurava.

O cabelo de Az balançou ao sopro de vento, não tão frio, devido a distancia do rio Sidra. Perto da corrente d'água deveria estar congelando.

— Eu continuo discordando — Azriel falou, os lábios em uma linha fina. — Esta quantidade de roupas é desnecessária. — Ele ergueu levemente as diversas sacolas que carregava. Uma pilha em cada mão.

Bufei.

— Eu não vou andar com você com apenas armaduras do seu extremamente variado armário, Azzy. Pode esquecer — avisei, cansada de repetir a mesma frase. — O que você usa em casa, no dia a dia?

Ele deu de ombros. Um movimento surpreendente fluido para o tanto de coisas que carregava. Quase senti culpa por não carregar nada... mas passou rápido.

Não sabia cuidar de basicamente nada. Nem mim mesma. Eu era o completo o oposto do... útil. Não sabia cozinhar ou lavar muitas coisas, embora pudesse facilmente o fazer, graças aos anos na pobreza. Simplesmente não gostava. Todavia, era poderosa o suficiente para criar empregados para fazerem tudo que eu deveria. Usá-los em plena vista poderia, no entanto, criar certo alvoroço, portanto, optei por não o fazer.

— Geralmente? Nada — respondeu Az.

Revirei os olhos.

— Pois bem, de agora em diante você vai ter a opção de usar roupas ou não. Nos jantares, usaremos roupas normais, não couro illyriano e metal e Sifões. Entendido?

Azriel quem bufou dessa vez, relutante.

— Está bem — murmurou ele, porém.

— Muito bom, só dificultaria mais. Não aguentava mais repetir a mesma frase.

Azriel virou o pescoço para mim. Quase não notei com um feérico de pele violeta passando na rua...

— Se eu lhe der livros, podemos ir de volta para casa mais rápido? — perguntou Az, perto de suplicar. — Pode pegar quantos você quiser.

Sorri para ele.

— Você vai me dar livros de todo o jeito — declarei docemente. — É uma passada obrigatória e não estou dando opções. Inclusive, prepare-se. Se está tão cansado agora, melhor se aprontar para dar voltas pela biblioteca. Vou pegar muitos livros. Amani e Iryna dão ótimas dicas literárias.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora