...Ready for ir?

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     O mundo ao redor deles parou. Parou para assistir — assim como o tempo, os deuses, as plantas, a nascente. A realidade paralisou-se para assistir.

Não havia começo ou fim para aquele poder.

Nenhuma piedade.

A magia se moveu naqueles olhos como galáxias, unindo-se como estrelas e planetas.

Ela poderia destruir o mundo se quisesse... mas não o faria.Amelia, não o faria.

O Caldeirão faria, e naquele corpo Amelia não estava mais no controle.

Tinha consciência, sabia perfeitamente o que estava fazendo.

O Caldeirão olhou para os três —  Lilian, Amren e Azriel. Em ordem.

Um arrepio percorreu a espinha de Lilian quando aquele ser fitou-a.

Não era uma magia daquele planeta, de Prythian, deste universo. Diferente do poder dos Sifões, dos Grão-Senhores, à luz do sol e o luar em Lilian. Mesmo diferente das chamas e luz de Amren.

Maior, o suficiente para conquistar mundos além desta realidade.

Os reinos dos deuses se curvariam a esse poder, os reinos e exércitos dos reis mais temidos seriam dizimados em batalhas onde só ele estaria.

O criador e também destruidor, o irmão da própria mãe; criador das armas mais temidas de todos os tempos... despertou.

Quebrado por aquela garotinha tola e desprezível, ressurgiu. Com toda a sua grandeza.

Queria matar aquela garota mortal insignificante, aquele verme, que o quebrou. Porém... o Caldeirão teve uma surpresa.

Mais poder acumulado dentro da coisinha.

Morte —  algo que a outra coisa-humana tirou dele. Isso ele cuidaria mais tarde, acertaria as contas com o outro vermezinho mais tarde.— Não era pura morte, era o controle absoluto sobre ela. Nem mesmo ele tinha isso, controle sobre um ser primordial.

Bem, agora, naquele corpo fraco, ele tinha.

O rei da morte —  não um deus. Os deuses sempre foram príncipes e princesas dos primordiais... Na verdade, não eram relevantes.

Tinham mais poderes ali...

O Caldeirão aproveitou a liberdade como nunca teve; o vento, o frio, a paisagem... Aproveitou de suas criações, como aquelas coisinhas eram como pecinhas de um quebra-cabeça para ele. Sentiu uma de suas maiores criações pulsando fraco no peito da fêmea... Um laço de parceria.

Bendito fora o dia que colocara Amelia Archeron no curso espiralado do destino.

— Faz tanto tempo desde que fui aprisionado desse corpo... Parecem eras — murmurou o Caldeirão, com a voz de Amelia, mas era seca. Não parecia com nada a voz dela.

Um puxão — a mortal tentando recuperar o controle.

— Meses — disse Amren. — Apenas meses.

O Caldeirão virou os olhos para ela, avaliando-a.

— Ora, se não é um anjo da morte. Os criei há tempos para que ficassem em outro mundo, se não me engano. Para ajudar aquele deus inconsequente e jovem. — De fato, aquele imprestável precisava de lacaios para seu trabalho sujo. Imprestável para fazer qualquer mínima coisa. — Brecha, não foi?... Seus irmãos devem ter ficados possessos.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora