Os feéricos de Hybern nos cercavam.Lilian conseguiu parar de chorar e soluçar a algum tempo, ainda assim, eu conseguia ver que seu coração fora despedaçado e que estava devastada pela morte de seus pais, ao ver seus cadáveres ensanguentados algo dentro dela se foi também, se partiu.
Ninguém permanece inteiro depois de ver algo como isso; os pais são nossos escudos, que nos protegem do mundo, onde corremos depois de nos machucarmos, que cuidam de seus filhos e no final do dia dão um abraço caloroso.
É isso que eu achava pelo menos, já que nunca tive o amor de meus pais.
Meus pais deveriam ter sido meus heróis, mas foram os vilões de minha historia.
Não da de Lily. Na dela, os pais foram realmente seus heróis, seus escudos, sua vida. Mas agora os escudos foram quebrados, os heróis caíram em campo de batalha.
Tento imaginar sua dor, para poder ter uma ideia de como olhar pra ela em forma de apoio. Pois falar e me mexer estavam fora de questão, estava amarrada e amordaçada pelas cordas pretas grossas e ásperas, ao redor de meus pulsos.
Todas estávamos amarradas. Todas estávamos amordaçadas. Todas de camisola de seda e renda.
Lilian tinha lágrimas secas por sua bela face, olheiras roxas e profundas implorando ao sono que não chegaria tão cedo, os olhos vermelhos de tanto chorar; ela não chorava mais, se mantinha forte embora tivesse vontade de gritar, seu rosto era como eu nunca tinha visto. Vazio, tão vazio que isso se mostrava por fora, eu suponho tanto quanto por dentro. Ela deveria estar exausta, usando tanta energia para não se estilhaçar, que não restava mais nada para impedir esse vazio de ir a flor da pele.
Elain, chorava baixinho a horas, seu rosto delicado como pétalas de rosas estava inchado e também tinha círculos ao redor dos olhos. Nestha se mantinha dura como pedra desde deixou algumas lágrimas caírem na mansão quando fomos levadas para umas espécies vagões e Elain foi colocada dentro.
Estava com medo, mas seu maxilar contraído e seu corpo firme e bem posicionado entre Elain e a porta, preparado para se colocar no meio dos Hybernianos e ela caso necessário. Eu fazia o mesmo com Lilian.
Estávamos ainda dentro dessa espécie de vagão , um cubo apertado e estreito que era levado por cavalos, me encontrava sentada e encolhida no banquinho do lado esquerdo, — eram dois bancos, um de frente pro outro, com eu e Lily em um, e Elain e Nestha no outro paralelo a nós. — O couro dele parecia que tinha sido esfregado, rasgado e torcido sob mim. Dentro da cabine era escuro, luz só vinha da minúscula janela. Ela mostrava o pouco do céu que as árvores floridas e cheias da primavera não cobria, o sol era apenas uma fresta nascendo, contudo, o horizonte permanecia manchado tons escuros de azul, cinza, magenta e carmim. Ainda era madrugada, talvez não passasse das 5:30. O ar de lá de dentro era pesado, e tinha cheiro de poeira... e ferro, como se guerreiros ensanguentados tivessem passado por ali, o que era muito provável contando que os Feéricos que nos raptaram eram guerreiros, e de Hybern ainda, tinham gosto por sangue e dor.
Eles — os feéricos selvagens — galopavam na nossa frente e trás e lados. O barulho alto deixava isso claro, vindo de todas as direções.
Faziam algumas horas que eles nos sequestravam, nós íamos a oeste. E não pareciam nem um pouco preocupados em chegar perto da muralha, o que não fazia sentido, o Grão Senhor da Primaveril poderia ficar sabendo de sua presença perto de suas terras e assim caça-los.
Eu dividia o olhar entre a janelinha e Lily — checando como ela estava, entretanto, ela permanecia do mesmo jeito a horas. — Eu fitava tudo que passava pelo vidro rachado; um bosque, provavelmente de outra aldeia, bem longe da nossa. Queria poder dizer que tinha um plano, uma escapatória de tudo aquilo. Mas eu não tinha, nenhum plano que eu bolasse daria certo, só restava esperar por um milagre. Talvez Feyre ou Azriel ou Cassian notassem o sumiço de seus sentinelas e fossem checar a mansão Archeron, achariam um lar destruído e sem sinal de nós. Talvez estivessem nos procurando; talvez não tenham notado nada de errado...
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Corte de borboletas da morte
Viễn tưởngAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...