Hell was the journey...

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      Amelia sentia dor.

      Maior do que jamais sentiu.

      Viu seu futuro desabar à sua frente.

       E chegou a um ponto onde simplesmente parou de gritar e apoiou a cabeça no chão, nos joelhos. Então chorou mais.

       Amelia levantou a cabeça e olhou em volta, onde não tinha mais nada, nem um soldado com a insígnia vermelha de Hybern — que reconhecia de longe desde aquela noite em sua casa, quando foi capturada.

      A jovem pensou que não foi tão ruim, aquele momento. Essa é uma das coisas que olhamos para trás e rimos, como achamos aquilo ruim de verdade? Qualquer momento, na verdade, seria melhor do que aquele.

      Apesar de pensar no que poderia fazer, nada surgia.

       Mas... Mas foi quando olhou em volta e não sentiu nada diferente que percebeu.

       Que a peça se encaixou.

       Toda aquela morte... de milhares... a sua frente, no corpo de Lily... A morte estava como uma nuvem de bruma, sobre aquele lugar. Poderia tocá-la se apenas erguesse a mão.

       A morte, de fato, estava ali. Estendendo a sua mão esguia em direção aos que viam a luz, os levando as profundezas de seu reino no coração sombrio de outro mundo.

       Todos acolhiam a morte, ou ela os levava mesmo assim. Com sua foice, que carregava na mão direita; o que realmente cortava os laços entre o corpo e alma. Não era uma lâmina que matava, ela só machucava. Era aquela foice, que somente a morte poderia carregar.

      Amelia percebeu... compreendeu tudo quando... Quando aquela morte, pesando como um planeta sobre os ombros dos restantes, não a atingiu. Não surpreendeu-a. Amelia estava acostumada com ela.

       Desde que nasceu, e foi o gatilho para os problemas que levaram a morte de sua mãe. Então... veio a fome, e a Morte estava atrás de seus ombros, observando-a, viver aos resquícios de comida para sobreviver. Por todos aqueles anos... Depois, ficou rica, e parou de ficar magra ao ponto de mostrar os ossos; ao ponto de estar tão pálida que parecia morta. No entanto a Morte ainda pesava, pesava porque em sua mente... Feyre estava morta. Ela usara preto... usara preto e parecia a Morte.

      Então veio o massacre dos Prydwen...

       Os olhos de Amelia viajaram de um lado para o outro, conectando tudo, sua vida inteira.

       Então, veio a guerra...

       Então, os ataques em Velaris...

       Então, a escapada pela floresta...

       Então, ficara escapando do rei e matando...

        Então, vivera em campos de batalha...

         E agora isso, agora a Morte levou as pessoas que mais amava.

          Contudo, a Morte nunca a deixou. E ao mesmo tempo nunca levou-a.

        A Morte queria que Amelia a desejasse.

       Amelia captou, naquele momento, que não poderia ser levada. Porque, senão, o mundo deixaria de existir também e...

       A jovem soube o que saber.

       A Morte não tomaria as pessoas que ama, nunca.

       Ela se levantou. Joelhos trêmulos.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora