AMELIA ARCHERON
*2 meses atrás*
Lawless me admirava com tanto fascínio que parecia hipnotizado conforme eu caminhava em sua direção, após ter saído da cabine apertada que ele dispôs para que eu trocasse de roupas. Passar as mangas brancas largas de pirata pelas algemas não fora uma tarefa fácil, e, por isso, já estava um pouco irritada.
— Não babe em mim dessa forma, capitão — avisei, ajustando a espada em formato de cimitarra que me entregaram.
— Por que não, docinho? — retrucou Lawless, o cabo de sua cimitarra despontando do sobretudo de veludo. — É tão divertido. E, seja honesta, seu ego não se sente nem um pouco afagado por isso?
Dei de ombros com um sorrisinho, afivelando o cinto num puxão forte — para segurar as calças emprestadas da tripulação, e as armas.
— Ah, certamente me sinto lisonjeada por vossa atenção — ironizei, e senti a brisa poderosa bater contra meu rabo de cavalo. — Mas com um ataque do barco a... menos de cem metros de nós, indo acontecer daqui 20 minutos... Gostaria de mais ação e menos falação, compreende?
Lawless soltou uma risadinha, como se não estivesse prestes a sofrer uma invasão à sua embarcação.
— Menos falação quando não é de seu interesse, você quer dizer — corrigiu ele, mas não havia acusação em sua voz aveludada, apenas divertimento genuíno.
Estalei a língua ao assentir com a cabeça.
— Bom ponto, capitão.
Ele andou até mim, olhando-me sob a camada de cílios grossos e um sorriso de canto malicioso que, aparentemente, era seu semblante natural. O capitão tirou uma mecha loura-amarronzada de meu rosto com a ponta dos dedos cobertos de anéis.
— Além de um senso de humor duvidoso, você também deve ter um senso de sobrevivência depravado — disparei, com a voz calma. O rosto do pirata, porém, continuou sereno. — É melhor tirar suas mãos de mim. Eu mordo.
Lawless suspirou, colocando a mecha atrás de minha orelha. Não estava, nem de perto, demonstrando medo, como se não tivesse sequer me escutado.
— Desesperadamente agressiva. Um traço tão típico seu — murmurou ele, arrastado e rouco. Então me fitou com seus olhos verde-mar com intensidade surpreendente. — Matou meus tripulantes e furtou-lhes a arma, invadindo e quebrando meu barco. Estou realmente encantado com sua maneira de me seduzir, docinho.
— Tenho perguntas a fazer. Nossa barganha me concede isso, lembra-se? — exigi, ignorando-o. — Eu lhe ajudo a tomar o barco do clã de piratas inimigos, e você me conta o que eu perguntar. Comece a tagarelar antes que comecemos a ação.
O pirata apoiou o braço na viga do mastro ao meu lado.
— Pergunte-me o que desejar, Celie — disse ele, zombando do nome falso que contei. O convés estava em constante movimento ao nosso redor, se preparando para a batalha que aconteceria em breve.
Ergui o queixo para prosseguir, odiando as algemas por não parecer tão imponente. Nem mesmo com espadas e chaves conseguiram lhe partir e me libertar.
— Onde estamos? — comecei, partindo do mais básico.
— Alto mar das ilhas de Lamaterra — respondeu Lawless.
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Corte de borboletas da morte
FantasyAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...