Dancing like we're made of starlight

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Meus olhos, — se abrindo lentamente — demoraram a se acostumar com a luz em volta, mesmo que essa luz fosse apenas das estrelas e da lua, que vinha da janela aberta. Era mais como meu corpo se acostumando comigo estar acordada.

Não sabia a quanto tempo, só tinha certeza de que estava assim a muito tempo. Meu corpo confirmava isso, com os ossos rangendo ao mínimo movimento e a cama funda.

Minha cabeça não latejava mais de dor, apenas quando me sentei na cama de lençóis brancos e escuros como a noite — o cobertor estrelado que eu amava — estavam quentes, meu corpo aquecia aquela cama a tempos.

Não me lembrava de como tinha ido parar ali. Tudo depois que desmaiei não existia — porque eu não havia dormido, não. Isso foi um desmaio, ou um esgotamento, porque dormido eu não tinha, de jeito nenhum. E sabia disso.

Braços. Braços me seguraram antes que eu caísse, não tive forças ou sentidos para identificar de quem. Mas foi alguém rápido o suficiente para sair da sala de estar e chegar até o pé da escadaria onde eu me encontrava, a tempo de me pegarem.

Grunhi em reclamação quando tive que esperar, por alguns segundos, que meu corpo se adaptasse a ficar sentado, não em coma praticamente. Não era uma dor aguda, era mais como um desconforto, quando acordamos de uma noite mal dormida e desconfortável. Mas eu não havia passado por isso exatamente, tinha me esvaído na verdade, por vontade própria, sabendo de minha ruína.

Meu estômago se revirou e a bile subiu pela minha garganta, não em ânsia de vômito, em medo, de ouvir a resposta de minha pergunta: "Quanto eu havia dormido?"

O quanto aquele tônico tinha me afetado? Não que eu me arrependesse de toma-lo, foi o único meio, e eu fiz o que foi necessário.

Hoje, mais que todos os dias, senti cansaço, não corporalmente, meu corpo estava dolorida, mas completamente aceso. Eu simplesmente olhei para frente — a visão levemente turva, se habituando — e me senti realmente cansada.

Um novo significado para palavra.

Me lembrei de tudo ao meu redor, minha própria vida, e me senti cansada, de todo aspecto dela.

Cansada de minhas irmãs, mesquinhas e rudes e desprezíveis. Eu suportava tanto em relação a elas, suportava seu comportamento sem falar o que realmente tinha vontade minha vida inteira.

Odiava elas.

De Feyre, por quem eu fiz de tudo, amei com tudo, e fui retribuída apenas com ingratidão. Sempre. A muito tempo... eu fiquei de luto por ela, por uma decisão dela que eu achei ter resultado em sua morte, quando ela estava pegando os Grão-Senhores! Estava cansada dela, de sofrer por ela.

Odiava ela.

De todos do circulo intimo, me cobrando ser algo que não conseguiriam fazer. E me fazendo uma arma consciente, sendo que se eu negasse, eles me fariam uma inconscientemente.

Odiava eles.

De Azriel, por querer se aproximar de mim amando outra pessoa. De achar que eu poder ter um coração quebrado no final, vale o risco.

Odiava ele.

Do rei de Hybern, por estar causando essa guerra e vindo atrás de mim, por ter feito aquilo a Velaris hoje.

Odiava profundamente todos eles.

Mas não tanto quanto odiava não poder simplesmente dizer: "Foda-se" não poder apenas dar o dedo para tudo e todos e fugir com Lilian para longe.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora