Nós encarávamos paradas a janela, a luz dos lustres convidava o dourado nos cabelos a brilhar. Feyre atravessou até a sala, os três homens — machos, era assim que os homens feéricos eram chamados, eu sabia, depois de ter lido tantos livros sobre os feéricos, ainda enquanto procurava por Feyre, na Corte Primaveril — ficaram um passo atrás, e o piso de madeira estava tão brilhante e polido quanto um espelho sob nós. Feyre tinha tirado a capa agora que os criados partiram, e foi para ela que olhei primeiro. Para as roupas feéricas, a coroa, as joias. Minha irmã era feérica, eu via agora também em seus adornos, e não me importava.Elain e Nestha a fitavam como se ela fosse uma estranha.
Então, observei os machos alados... Ao meu lado elas — Elain e Nestha — enrijeceram o corpo ao vê-los, ao verem aquelas poderosas asas recolhidas rentes aos corpos fortes, as armas, e, depois, os rostos arrasadoramente lindos de todos os três machos. Eu permanecia calma, minha irmã não nos traria perigo, eles a salvaram, sentia gratidão a eles, e muita curiosidade. Do que as asas eram feitas? Não parecia cartilagem... Aquelas asas ficavam muito perto da coluna vertebral, como se mexiam? Pareciam pesadas, como aguentavam o peso de um corpo e mantinham a velocidade? E a que velocidade iam? Espantei os pensamentos para que as perguntas não transparecerem em meu rosto.
Elain, para seu crédito, não desmaiou. E Nestha, por sua vez, não sibilou para os feéricos. Ela apenas deu um passo nada sutil para a frente de Elain e escondeu a mão fechada em punho atrás do vestido simples e elegante de cor ametista. O movimento não passou despercebido por ninguém ali. Eu, tinha as mãos ao lado do vestido habitualmente escuro como a noite que usava — já que o chumbo havia sido trocado, algum tempo antes — parecia a face da calma, nunca pareci muito alegre, porém nunca tive desprezo em minha expressão natural. Era simplesmente calma, fria.
Feyre disse aos machos:
— Minhas irmãs, Nestha, Elain e Amelia Archeron.
Nenhuma de nós fez reverencia, tinha certeza que os feéricos conseguiam sentir o cheiro do terror, ouvir os corações acelerados de Elain e Nestha. Meu coração batia normalmente e não estava nem perto de sentir terror...
— Cassian — falou, inclinando a cabeça para a esquerda. Então, se virou para a direita, indicando o macho que não tirara os olhos de mim, quando falou: — Azriel. — Fez uma meia-volta. — E Rhysand, Grão-Senhor da Corte Noturna. — não pude deixar de notar as orelhas, minha irmã e o Grão-Senhor tinham as orelhas puxadas, feéricas, mas os outros dois tinham orelhas redondas como as minhas, e asas, ainda tinham aquela graciosidade sobrenatural feérica, com certeza não eram humanos então que tipo de espécie era aquela?
Rhysand fez uma reverência para minhas irmãs.
— Obrigado pela hospitalidade... e pela generosidade — disse ele, com um sorriso caloroso. Mas havia algo tenso ali.
Elain tentou devolver o sorriso, mas fracassou.
Eu sorri de volta e respondi:
— Agradeço. Amigos de minha irmã são bem vindos aqui, é um prazer conhece-los.
E Nestha apenas olhou para os três e, depois, para Feyre e disse: — O cozinheiro deixou jantar na mesa. Deveríamos comer antes que esfrie. — Ela não esperou que ninguém concordasse antes de sair andando, bem para a cabeceira da mesa de cerejeira polida.
— É um prazer conhecê-los — disse Elain, a voz rouca, antes de correr atrás de Nestha, e as saias de seda do vestido cobalto farfalharam sobre os tacos do piso.
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Corte de borboletas da morte
FantasiAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...