Amelia ArcheronA porta de madeira foi fechada por mim, saindo de meus aposentos. Eu trajava couro illyriano dos pés a cabeça, não ficou mais fácil ou refrescante usa-lo, porém eu me acostumava. Já tinha se passado dez dias desde que comecei a treinar, e em todos esses dias, tive pesadelos, mas consegui dormir a noite inteira.
No dia seguinte ao primeiro, finalmente tendo dormido, após muitos dias, estava tão dolorida que mal conseguia andar, mesmo com o tônico para dor. A única coisa que me forçou a levantar foi a voz de Amren, do outro lado da porta, falando que se eu me atrasasse mais um minuto ela não me ajudaria mais. Fui na força do ódio me banhar e ficar pronta naquela manhã. A qual não nos encaramos, apenas treinamos o fogo no próprio jardim da Casa na Cidade. Conjurando e apagando centelhas de calor e fogueiras.
Foi cansativo, ainda era complicado e exigia muito para acessar meus poderes. Foi ficando mais fácil conforme o tempo, mas naquela manhã me deixou esgotada. Meu corpo já dolorido, magia acabada, apenas minha mente descansada estava em pé quando Azriel me levou para treinar após o almoço, meu estado não o comoveu ou o deixou mais gentil. Só que uma lata com bálsamo ainda mais concentrada foi dada a mim no final, e uma toalha com gelo.
Nos próximos dias, meu corpo feérico ia se acostumando com o ritmo, tanto minha magia a ser usada. Eu ganhava massa muscular mais rápido que a maioria, sendo grã-feérica, e treinando agora, a dez dias toda tarde, eu ficava mais forte. E era incrível, eu não percebia o quanto guardava em mim, entre sentimentos perversos e poder acumulado do Caldeirão. Colocar aquela tensão para fora me acalmava, e muito.
Pelo quinto ou sexto dia, consegui acessar mais um poder, enquanto aprimorava o fogo, qual se mostrou um elemento fácil de se lidar. O poder da eletricidade, dos raios e tempestades corria como centelhas de energia correndo pelo sangue. Era eletrizante e magnético.
Amren me ajudou, como fazia com o fogo, a conte-lo sob meu controle.
Os pequenos e grandes raios saiam de meu corpo, de minhas mãos, de minha pele. Arroxeados e brancos.
Elétricos e faiscantes.
Com muita ajuda de Amren, concentração extrema, dando tudo de mim. Consegui fazer um raio cortar o céu e cair.
Era pouco, mas só de conseguir realizar tal feito sorria.
Comemorei com Lilian e Amren e Cassian e Azriel.
O mestre espião e meu treinador tinha se tornado um bom amigo, entre piadas e conselhos nós seguíamos as aulas. Quais tinham se tornado meu refúgio, doloroso e cansativo, mas refugio mesmo assim.
Lilian não conseguia voar ainda, mas conseguia dobrar as asas com destreza e se equilibrar!
No tempo presente, eu tinha acabado de sair de uma aula com Amren, passamos um terço equilibrando labaredas de fogo e outro terço em faíscas elétricas, pelo resto, acessamos nossos poderes, encarando os olhos uma da outra. Em pura concentração.
Estava cansada, e engoli o almoço em minutos apenas para sobrar tempo para esse momento. Passei em meu quarto para passar uma água no rosto, achar coragem para fazer os meus próximos passos.
Depois de um confronto comigo mesma, sai pelo corredor. Era isso.
Não acabei dando muitos passos, foram apenas uns dez metros pelas portas lado a lado uma da outra. Fiquei cara a cara com a madeira feita por artesões de Velaris. Levantei o punho devagar... e bati na porta, uma vez... duas vezes. Duas batidas seguidas e rápidas, sem insistir mais.
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Corte de borboletas da morte
FantasyAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...