Capítulo 44

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— Suas irmãs serão examinadas por uma curandeira hoje — Azriel contou. Enquanto me levava de volta da cidade para Casa do Vento, voando. — Seria ótimo se você também fizesse.     

Eu não pretendia ser examinada.

Deixei isso bem claro desde meu primeiro dia em Velaris. Tenho certeza de meu bem estar, e não quero ninguém tendo que analisar a tatuagem em minha lombar. Não quero ninguém me analisando.

No entanto, aparentemente, precisam dessa consulta para garantir minha saúde depois que entrei no Caldeirão.

Haviam vários riscos, eu ter me esgotado tanto que poderia simplesmente entrar em coma algum dia desses; o Caldeirão estar me matando de dentro para fora; meu corpo refeito ter problemas de funcionamento... Eu sempre soube que nenhuma das opções estava correta, mas mentalmente... tinha tanta bagunça em minha mente que se houvesse algum problema eu não notaria.

Além disso tinha um corpo novo de todo jeito, e me examinar não faria mal algum... mas meu corpo não era mais meu. Não completamente. E ter essa escolha me fazia sentir segura em relação ao meu pouco direito sobre ele. Entretanto era uma escolha burra, que leva em consideração meus sentimentos... uma escolha feita com o coração. E já passei por muito por agora, começar a ser sentimental.

— Você gostaria que eu fizesse? — Indago para Az, que batia as asas atrás do corpo.

Faziam dois dias que fomos a Corte dos Pesadelos e desde então não conversamos sobre aquela noite. Exceto por quando confrontei Feyre e Rhysand sobre o estado das pessoas e eles disseram que estão preocupados demais com a guerra para pensar nisso. Não estavam errados, afinal se não ganhássemos a guerra todos eles morreriam mas também não deram indícios de querer ajudá-los após a guerra... na cabeça deles, todos ali realmente eram cruéis.

— Sim — Azriel confessou. — Seria ótimo garantir que está completamente saudavel. Você usa muito seus poderes, seu corpo pode estar cansado.

Eu neguei.

— Estou completamente bem Azzie — declaro. — Mas se isso é tão importante, eu o farei.

Chegávamos perto da Casa do Vento.

— Bom, a curandeira já deve estar terminando suas irmãs. Ela se chama Madja caso queira perguntar algo específico.

Fico hesitante em perguntar:

— Ela, Madja, vai querer... ver a marca?

Isso era algo fora de questão, não tinha mostrado-a para absolutamente ninguém. Nem Lilian, nem Az, nem Amren. Ninguém. Somente Nuala, que me dá banhos, e fui obrigada a mostrar antes mesmo de saber de sua existência. Nas noites que passava com machos e fêmeas sempre usava um feitiço para escondê-la.

— Não sei dizer. Madja provavelmente requisitará vê-la. — Meu corpo gela e tensiona, ele percebe e complementa com a voz mais calma: — Se ajuda de alguma forma, estarei lá.

— Tudo bem — eu afirmo balançando a cabeça. — É só uma tatuagem de qualquer forma. — Torci para minha incerteza e medo não transparecerem.

Mas Az percebeu, pois me tranquilizou:

— Se não se sentir confortável mostrando posso garantir que não aconteça.

— Está tudo bem Morceguinho. — Digo contragosto, mas aceitando. — Não posso simplesmente não mostrá-la para sempre. Eu consigo.

Minhas próprias palavras me deixam mais calma, me forçando a aceitar.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora