Soon you'll get better

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     Amelia Archeron:

    

     O grito do rei ainda ressoava em minha mente quando o vento e a escuridão me tomaram, e de repente, tudo se tornou nada.

     Quando senti o chão firme novamente, abri os olhos, pisquei algumas vezes e senti vontade de vomitar, atravessar era horrível.

A luz do sol bateu em meu rosto, senti o calor em minha pele trêmula, no castelo de Hybern era extremamente frio, e estar molhada naquele chão congelante só piorou.

     Era o inferno, era o inferno porque eu sentia tudo.

     Ouvia cada pequeno ruído em quilômetros, cada respirar, cada palavra, o sangue correndo por minhas veias, cada passo, cada voz reverberando por meus ouvidos, martelando dentro de minha cabeça, a cada segundo, alta demais para que pudesse controlar.

     Os cheiros, de medo, sangue, dor, raiva e distantemente, alegria. O cheiro das pessoas eram únicos e eu percebi isso naquele momento, tantos cheiros entravam por minhas narinas, misturados, me deixavam confusa... sem saber o que era de longe e sem saber do que era daqui.

     Minha visão era tão ampliada, que eu via os grãos de poeira no chão, deixando-me tonta.

     O mundo explodiu para mim, tudo explodia, mal não conseguia respirar.

     Dentro de meu corpo eu sentia, sentia um poder avassalador. Sentia o Caldeirão dentro de mim. Puro poder pulsando em cada átomo de meu corpo. Aquela força, mais forte que tudo que já sentira, querendo esmagar-me, enquanto eu mantinha o punho firme ao redor dela. Eu sabia que todos também sentiam, o poder exalando de mim, todavia o que eu sentia... era maior, como ter todo o universo dentro de meu coração. Mas aquela magia, — a que eu tomei do Caldeirão, — era minha, e só minha.

     A destruição e a paz.

    O caos e a ordem.

    Vida e a morte.

    Tudo e nada.

     Acima de tudo poder.

     Olhei em volta exasperada, Morrigan nos atravessou para a varanda de uma casa, mais precisamente um palácio, enorme. Carmesim e preto nas paredes altas.

     — Nuala, Cerridwen! Venham aqui, rápido! — Morrigan gritou e me encolhi com os ouvidos reclamando.

     Duas fêmeas, iguais e tão escuras que pareciam ser transparentes apareceram, seus pulsos reluziram com adernamentos de ouro. Elas se agacharam a nossa frente, e finalmente ousei olhar para os lados.

     Elain, Nestha e Lilian estavam jogadas e encolhidas ao meu lado, tremiam, principalmente minhas irmãs, molhadas.

     Me apressei em dizer para Morrigan antes que ela partisse:

    — Morrigan! — A loira se virou para mim, que tinha o braço esticado para ela.— Eles vão ficar bem? Azriel e Cassian?

     Ela inspirou e expirou, piscou repetidamente enquanto sua boca se abria para falar, sem som algum.

     — Eles serão levados a curandeira, vão ficar bem... — Sua cabeça balançou em assentimento, ela falou mais para si mesma do que para mim, o desespero era evidente em seus olhos cor de mel.

     Tentei me apoiar nas mãos com os braços esticados, mas quando olhei para as tais, — pisquei para conseguir focar minha visão,—  para meus dedos mais longos, a pele pálida brilhando, meus cabelos úmidos caindo ao lado de meu rosto, castanho-dourados novamente... paralisei por um instante.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora