Capítulo 95

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AMELIA ARCHERON
*2 meses atrás*

A fêmea de olhos azuis com aros dourados — Aelin Galathynius — arqueou uma sobrancelha dourada. Ela iria falar alguma coisa, mas minha mente apenas raciocinava minha situação. Eu estava num reino distante, em outro mundo, chamado Terrasen; e sua governante apresentava-se diante de mim.

— Então? — Pisquei e só então percebi que sua boca se movia. — Qual seu nome?

Olhei para o macho de olhos verde-pinho e rosto esculpido em rocha ao seu lado. Seu cabelo era surpreendentemente prateado, e uma tatuagem adornava quase metade de sua face.

— E quem é ele? — perguntei outra vez.

Poderia ser o consorte da rainha, ou o próprio rei. Mas um laço brilhava entre ambos — isso era inegável. Eu o sentia, afinal.

— Está em meu reino — disse a rainha, com uma voz imperial e harmônica. Eu podia ter jurado que uma sombra cruzou seu olhar quando notou meus grilhões, cujos tiravam sangue.— Responda minhas perguntas, ou seremos obrigados a desvendá-la da maneira difícil.

Analisei as vestes da rainha e quanto tempo eu precisaria para derrubá-la. Porém não lhe conhecia, não sabia suas limitações ou habilidade. Sendo feérica e rainha, obviamente teria poderes... o que eu estava impossibilitada. Precisava ser solta das algemas, então teria alguma chance contra eles.

Precisava que eles soltassem minhas algemas.

— Winter Kade — contei-lhes baixinho, como se estivesse ameaçada. Podia inventar uma história melancólica sobre como fui uma escrava raptada de minha família, mas, antes, precisava de ter certeza de como Terrasen funcionava. Talvez sequer tivessem escravos aqui, e, se os tivessem, não usassem os mesmos grilhões encantados. — Onde... onde fica Terrasen?

O canto do lábio de Aelin se repuxou.

— Ah, acredita que o meu cachorro tem esse mesmo nome? E minha gata também. E minha tataravó também o tinha. — Ela cruzou os braços e indicou o macho ao seu lado com a cabeça. — E ele também. Certo, Winter, querido?

Aelin claramente não caiu em minha mentira. Merda. Talvez eles pudessem farejar inverdades no ar... A rainha sem dúvida tinha o dom.

— Salvamos sua vida — ponderou Aelin. — E é assim que nos recompensa?

Verdade, então.

— Amelia — disse eu, lhes chamando a atenção. — Amelia Archeron.

Avaliei a expressão que repuxaria seus rostos, tentando achar qualquer resquício de conhecimento. Se eles me conhecessem e me entregassem...

Meus instintos feéricos — os que ainda resistiram — rapidamente capitaram a movimentação atrás dos governantes, perto do castelo. Eram duas mulheres; uma de cabelos castanho-escuros e um rosto monumentalmente lindo e... a, talvez, pessoa mais bonita que já vira. Ela tinha cabelos brancos como o luar, e olhos quase que cintilantes... Eu os via ainda que a muitos metros de distancia. Eram como ouro derretido.

Os homens foram quase que ofuscados pela beleza feminina. Mas não. Um deles tinha cabelos loiros, e era extremamente parecido com Aelin. No entanto, o outro... tinha olhos como safiras e cabelos como penas de corvos. Seu rosto era arrebatadoramente perfeito.

Se tivesse que comparar... Azriel e o homem disputariam feio no quesito beleza.

Virei o rosto, somente para encontrar Aelin Galathynius sorrindo.

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora