Um corte se curvava do umbigo de Cassian até a base do esterno. A carne aberta. O sangue; praticamente apenas um fiapo.Silêncio letal por minha mente quando olhei para o rosto enlameado e com expressão de dor; dor, embora estivesse inconsciente. Quando ouvi a respiração difícil, úmida.
Lily atravessou as abas da barraca e disparou para o lado da curandeira que tinha as mãos sobre Cassian. A cura da fada era mais potente e eficaz enquanto fechava, insuportavelmente devagar, as extremidades do ferimento. Célula por célula... Demorariam horas.
Mor e Azriel, parados diante da cama, monitoravam cada movimento da curandeira sentada a seu lado. E Feyre, com os ombros sob o braço de Rhys, tinha o olhar baixo; cuidadoso e perdido.
Feyre provavelmente tinha deixado Rhysand entrar em sua mente — explicara Ianthe e o Suriel, e as informações. Agora, eu apostaria, que Amren estava a caminho, com o Livro para ajudar-me a estender meu poder nessa gravidade.
Pelo menos tínhamos vencido...
Vendo a curandeira e Lily, e os olhares fortes e penetrantes — nada amigáveis — direcionados a mim; aperto as mãos fechadas ao lado do corpo e mudo o peso de um pé para o outro, pigarreando:
— Eu... Tem algo em que eu possa ajudar?
— Não — disse a curandeira, rapidamente.
Não me movo, não assinto, nem sequer engulo em seco.
— Eu posso ajudar — eu torno a dizer. Dando um passo afrente... de súbito Mor fica tensa em suas costas eretas, queixo erguido e carranca.
— Aonde vocês foram? — Foi tudo o que Mor disse, sem me responder. Ela estava ensopada, ensanguentada e coberta de lama. Azriel também. Nenhum sinal de ferimentos além de cortes pequenos, que eu curaria depois.
Fixo meu olhar frio nela.
— Me responda, então eu direi. — Minha voz era inexpressiva.
— Onde vocês estavam? — Ela se vira para Feyre.
Minha cabeça se mexe com seu movimento, lentamente. Meu sangue ferve.
Sem esperar sua autorização, ou de ninguém, eu disparo até Cassian com as mãos ao lado do corpo; e assim que me sento nos lençóis ensanguentados de sua tenda minha mão se ergue ao lado da de Lilian. E o processo de cura fica inegavelmente mais forte. As beiradas do ferimento se estendiam na direção uma da outra.
Os dois lados do ferimento se tocaram... e agora começavam a se entremear.
O rosto de Azriel estava petrificado, mesmo enquanto os olhos de avelã se fixavam, determinadamente, naquele ferimento que se fechava. Ele mal se incomodara em dizer qualquer coisa.
Senti o olhar mortal de Mor em mim, e ignorei.
— Você certamente tem o costume de sair sem avisar, e fazer com que nos matemos de preocupação.
Nenhum de nós se moveu.
Rhys — para minha eterna surpresa — foi quem disse:
— Ambas são livres para irem onde e quando quiserem. Mas o que acho que Mor está dizendo é... tentem deixar um bilhete da próxima vez.
Foi... foi Rhysand quem o disse. Eu quase demonstrei surpresa, quase. E ouvindo sua voz... Pela primeira vez vi um sinal de real lamento, e que ele parecia pensar constantemente. Ele estava arrependido — de verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de borboletas da morte
FantasiAmelia Archeron era a quarta irmã e a mais nova. Inteligente e ambiciosa, ela se tornara o que nunca pensou ser possível. Ela fará de tudo por sua família e que a Mãe proteja quem pisar no seu caminho. Amelia quer vingança por tudo que lhe f...