Carpe diem, bitches!

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    — Então vocês realmente estão juntos?! — Joyce arregalou os olhos, perplexa. — Se eu não estivesse vendo agora na minha frente, não acreditaria.

    — Suave como um caminhão — Vanessa comentou, revirando os olhos.

    — O quê? — Ela deu de ombros. — É sério. Vai dizer que alguém imaginaria isso?

    — Para de ser inconveniente, garota — Tony deu um leve tapa em seu ombro.

    Eu e Caio estávamos sentados e de mãos dadas, rindo da reação deles. Agora que éramos um casal, ele se esforçava para ficar junto comigo e meu grupo de amigos.

    — Vocês são tão barulhentos! — Nataly resmungou com o rosto enterrado nos braços.

    — O que aconteceu com a "miss sunshine"? — Vanessa perguntou.

    — Acho que ela está passando tempo demais comigo — sorri, triunfante. — Finalmente se tornando um ser humano aceitável.

   — Cala a boca! — Nataly falou com a voz abafada. — Nunca mais me deixe beber daquele jeito.

    Depois de uma semana infernal, com direito a sequestro, espancamentos e dias de puro desespero no hospital, nos permitimos extrapolar. Saímos e Nataly bebeu tanto que nem conseguia lembrar o que fez.

    — Não sei não... — falei, rindo. — Você parecia ter se divertido muito ontem.

    Eu estava lá para lembrá-la de cada vexame. Ela dançou em cima de uma mesa, aceitou bebidas de estranhos e ainda beijou o ex namorado imbecil.

    — Ah, Ana, eu quero te matar! — Ela virou o rosto para mim, furiosa.

    — Eu gosto muito mais de você assim, sabia? — sorri. — Agora até parece que você é humana. Sem aquele papo de "garotas como eu não tem dias ruins".

    — Eu te odeio — Voltou a esconder o rosto.

    — Você me ama, isso sim — baguncei ainda mais seu cabelo, arrancando mais protestos.

    Estarmos reunidos daquela forma, fez-me pensar o quão estranho foi todos aqueles acontecimentos. Alguns meses atrás, éramos eu e Lucas ali, juntos naquela mesma mesa e com aquelas mesmas pessoas. Mas ao mesmo tempo tudo parecia tão diferente.

    — Ei, pessoal — Vanessa chamou —, queria aproveitar que estamos todos juntos, e... Queria comunicar uma coisa...

    — Para de suspense! Fala logo! — Tony protestou, impaciente.

    — Eu... — Ela segurava a barra da camisa xadrez, provavelmente ganhando coragem para o que quer que precisava falar.

    — Tudo bem, Nessa — falei, tentando encorajá-la —, estamos aqui, pode falar.

    — Bem... Eu... De agora em diante... — Ela engasgou mais um pouco e depois falou rapidamente - Gostaria que me chamassem de Vinícios.

    Nataly levantou a cabeça e todos ficamos o encarando por um bom tempo, absorvendo aquela informação. Eu sabia que ele não era muito confortável consigo, e gostava de esconder sua feminilidade, mas aquilo era novidade para mim. Fui até ele e o abracei.

    — Fique sabendo que isso não muda nada, Vini — falei, alegre.

    — Ana... — Ele ficou com a voz embargada e me abraçou com força — Não sabe o quanto isso significa para mim.

    — Ei, agora estamos equilibrados! — Joyce exclamou — Somos três meninas e três meninos!

     — Joy, pelo amor... Eu juro que tua mãe deve ter deixado você cair de cabeça no chão quando criança! — Tony colocou a mão no rosto e balançou a cabeça.

Rostos BorradosOnde histórias criam vida. Descubra agora