O passado de uma megera

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AVISO: esse capítulo contêm violência!


{9 anos atrás}

    O dia tinha sido cansativo e divertido. Mamãe e eu passamos horas no parque de diversões, aproveitando uma de suas poucas folgas.

    Voltávamos para casa tarde da noite, andando pelas ruas rindo e comentando sobre as melhores partes do dia. Meus longos cabelos bagunçados denunciavam que o dia tinha sido agitado.

    Mamãe estava rindo, e sua risada morreu rapidamente quando deu uma breve olhada para trás. Fiquei curiosa e tentei me virar, mas ela me segurou pelos ombros, evitando que eu me virasse.

    — Vamos, minha abelhinha — Ela sussurrou —, vamos chegar logo em casa para contar ao papai o que fizemos hoje.

    Fiquei animada e logo esqueci do que quer que estivesse atrás de nós.

    Mamãe começou a apressar o passo, tentando me impelir para frente. Ela parou, olhando para todos os lados.

    — Por favor, vão embora — Ela falou alto —, estou com minha filha!

    Assim que ela falou, quatro homens apareceram, com rostos cobertos por máscaras.

    Eles se aproximaram lentamente, minha mãe tentando me proteger. Ela se ajoelhou e me abraçou, sussurrando que tudo ficaria bem. Senti uma forte dor na cabeça, e depois disso tudo era apenas escuridão.

    Abri os olhos e vi um clarão. Procurei por mamãe, minha cabeça latejando forte, me fazendo ficar enjoada.

    O clarão era fogo, parecia um carro em chamas. Estávamos em um local aberto, com mato alto em volta e poucas casas espalhadas.

    Mamãe estava no chão, o rosto virado para outro lado. Um homem estava em pé, discutindo com outra pessoa.

    A outra pessoa era uma mulher, eu a conhecia. Era a versão mais velha de mamãe. A mulher apontava uma arma para o homem, que colocava a mão para o alto e se ajoelhava.

    — Soy Consuela Alexandrina Panamana — A mulher falou alto e firme. — ¡Y te vas a arrepentir de hacerme esto, maldito cerdo!¹

    Um tiro ecoou, o homem que estava ajoelhado foi jogado para trás, caindo com um baque forte no chão. Sua cabeça ficou de frente para mim, um de seus olhos agora era apenas um buraco sangrento.

    Vovó me encarou, com o rosto respingado de sangue.

    — ¡Te olvidarás de mi cara! Nunca sabrás quién soy, o mataré a tu padre y al resto de la familia. Fue un error quedar embarazada de tu madre² — Ela me deu um forte tapa no rosto e deu as costas para mim, indo embora.

    Ela parou por um instante, deu meia volta e apontou a arma para mim. Pude sentir uma grande dor no braço logo depois de ouvir o estrondo da arma mais uma vez.

    Tudo ficou escuro, já não conseguia sentir mais nada.

*Nota da imprensa*

     "Na madrugada de hoje, 05 de agosto, policiais receberam uma ligação anônima falando sobre tiros na região. Ao chegarem no local, encontraram um homem e uma mulher mortos. O homem estava com o rosto baleado e a mulher com rosto desconfigurado, sinais claros de agressão física. Uma criança também foi encontrada no local com um tiro no ombro. Os médicos disseram que está em cirurgia, mas poderá sobreviver. Ronaldo Adelar para a redação, bom dia!"



¹Sou Consuela Alexandrina Panamana. Você vai se arrepender de fazer isso, porco desgraçado!

² Você vai esquecer meu rosto! Nunca saberá quem eu sou, ou matarei seu pai e o resto da família. Foi um erro engravidar de sua mãe.

Rostos BorradosOnde histórias criam vida. Descubra agora