ABISMO

CAPITULO 46

Após uma noite no hospital, Camila recebeu alta, mas estava fragilizada. Luan a ajudou a sair do carro e a conduziu para dentro de casa, embora ainda senta-se uma confusão em seus sentimentos, não podia desampara-la. A guiou até um dos quartos de hóspedes, onde Camila sentou-se se acomodando na cama. Ele sabia que havia muita coisa para resolver, mas naquele momento, ela precisava descansar.

— Eu... — Camila disse, a voz fraca. — Luan, eu...

Luan, embora sentisse o peso das palavras dela, não estava preparado para lidar com toda a carga emocional naquele momento. Ele sabia que as revelações estavam vindo aos poucos, mas ele estava exausto, e o que mais precisava agora era que ela descansasse.

— Camila, eu entendo o que você está passando, mas agora não é a hora. Você precisa descansar. Tudo o que aconteceu... — Luan disse, sua voz carregada de frustração, mas também de uma certa ternura. Ele sabia que ela tinha muito o que contar, mas ele ainda estava tentando processar tudo.

Ele se afastou um pouco, ela se acomodar na cama, ainda visivelmente exausta, e não insistiu mais. O quarto ficou em silêncio, com o peso das palavras não ditas pairando entre eles. Luan a ajudou a se cobrir, ligou o ar condicionado, fechou as cortinas e se despediu.

...

Luan trancou-se no quarto e discou o número de Stacy. Suas mãos tremiam de raiva. Quando a ligação foi atendida, ele não perdeu tempo.

— Stacy, eu descobri sobre Benjamin. Camila me contou. Tenho certeza de que você estava acobertando isso! — Sua voz era carregada de fúria e incredulidade.

Do outro lado da linha, Stacy vacilou. Respirou fundo antes de responder.

— Luan, eu... eu não podia trair a confiança dela.

Luan soltou uma risada amarga.

— Você ajudou a esconder que eu sou pai! Você tem noção do que vocês fizeram?!

— Eu tentei impedir Camila de ir embora! — Stacy rebateu, a voz carregada de emoção. — Mas ela estava machucada, desesperada... Disse que você tinha falado que não queria ser pai tão cedo.

Luan franziu o cenho, puxando na memória qualquer conversa do tipo. Então, um estalo veio. A lanchonete. No dia que Camila perdeu o primeiro bebê. Ele realmente havia dito que não era o momento certo para ser pai... Mas isso não significava que ele negaria um filho!

— Eu disse que não era o momento, não que eu rejeitaria um filho! — esbravejou.

— Luan, tenta entender! Camila estava destruída. Perdeu o pai, sofreu um aborto, descobriu que a mãe não era sua mãe... O bebê que ela esperava era a única família que restava. Ela tinha medo de perder isso também!

— Medo?! Isso justifica o que vocês fizeram? — Luan bufou, passando a mão pelos cabelos. — Eu passei anos atrás de notícias dela! E você, que se dizia minha amiga, me deixou sofrer sem saber a verdade?! Vocês foram cruéis comigo!

— Eu sinto muito... — Stacy disse, a voz falhando.

Luan respirou fundo, tentando conter a ira. Mas agora, não era hora para isso. O mais importante era Benjamin.

— Isso eu resolvo com Camila depois. Agora, precisamos resgatar meu filho das mãos daquele psicopata!

Stacy fez uma pausa antes de responder:

— Luan, eu preciso que você me escute com calma. Meu marido, Zac, conseguiu contato com Nicholas. Ele disse que está em Toledo, uma cidade próxima a Madri.

Luan fechou os olhos por um momento.

— O que mais ele disse?

— Que não quer machucar Benjamin. Que só quer dar um susto na Camila.