CAPITULO 51

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A sala de espera do hospital parecia congelada no tempo. O cheiro forte de antisséptico se misturava ao peso do silêncio, cortado apenas pelo barulho distante dos monitores cardíacos e passos apressados dos médicos.

— Família de Luan Rafael Domingos Santana?

Marizete sentiu o coração falhar uma batida ao ouvir o nome do filho. Amarildo ergueu a cabeça, os olhos carregados de tensão, enquanto Bruna, sem perceber, apertava as mãos em punhos ao lado da mãe.

— Aqui! — Bruna se adiantou, a voz saindo firme, mas seu peito parecia prestes a explodir.

— Queiram me acompanhar, por favor — informou o médico, com um semblante sério, mas profissional.

Marizete segurou com força a mão da filha. Estava gelada, tremia levemente. Amarildo caminhava à frente, ao lado do médico, calado. O peso da situação parecia dobrar sobre os ombros dele a cada passo.

Ao chegarem a um pequeno consultório reservado, o médico puxou uma cadeira e respirou fundo antes de começar.

— Bom, Sr. Amarildo, Sra. Marizete, o quadro de Luan é considerado estável, mas requer monitoramento e alguns cuidados essenciais. O impacto do veículo, embora tenha sido amortecido pelo airbag, foi muito forte e violento. Ele fraturou o cotovelo esquerdo e deslocou o ombro, além de ter sofrido pequenas lesões e escoriações na lateral esquerda da cabeça devido aos estilhaços do vidro.

Marizete fechou os olhos por um instante, tentando processar. Bruna prendeu a respiração.

— Encontramos também sinais de uma leve concussão — o médico continuou. — Segundo o relatório da equipe de resgate e da polícia, tudo indica que foi um atropelamento.

Marizete arregalou os olhos, a expressão petrificada.

— Meu Deus...

— A jovem envolvida no acidente tem 28 anos e foi arremessada a alguns metros. Está em estado grave — o médico revelou.

O impacto daquelas palavras fez Marizete vacilar. Bruna segurou firme o braço da mãe.

— Como... como ela está? — A voz de Marizete saiu embargada, desesperada.

O médico trocou um olhar breve com Amarildo antes de responder:

— O quadro dela é crítico. Teve uma convulsão ainda no local e uma parada cardiorrespiratória, mas conseguimos reanimá-la. No entanto, ao chegar na emergência, sofreu outra parada, precisando ser levada às pressas para a sala de cirurgia.

O ar no consultório ficou pesado. Bruna engoliu em seco.

— Ela sofreu múltiplas fraturas na coluna e no baço. Teve uma fratura no joelho e também uma pequena ruptura no intestino, além de uma perfuração no pulmão. Está com uma hemorragia no abdômen, um edema cerebral e uma fratura exposta na mão esquerda — detalhou o médico, com a calma treinada de quem já deu notícias assim inúmeras vezes, mas nem por isso parecia menos difícil.

Marizete começou a balançar a cabeça negativamente, os olhos marejados.

— Mantivemos a paciente em coma induzido para estabilizá-la antes de novas cirurgias. Neste momento, qualquer intervenção pode colocar sua vida em risco. Estamos tentando localizar a família.

Amarildo passou a mão pelo rosto, exausto. Bruna olhava fixamente para o chão, tentando digerir tudo.

Marizete enxugou as lágrimas rapidamente e, com a voz falha, pediu:

— Posso ver meu filho?

O médico assentiu.

— Podem aguardar no quarto até que ele acorde.

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