CAPITULO 61

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Camila estava em um estado de confusão e frustração. Sua mente, ainda imersa na incerteza, tentava compreender o que estava acontecendo. A voz ecoou, interrompendo seus pensamentos.

— FRUTA QUE CAIU!!!

Ela deu um suspiro profundo e revirou os olhos. A advertência veio em seguida, clara e direta:

— Camila!

Ela se sentiu um pouco incomodada, mas respondeu com um sorriso forçado.

— Qual é? Não falei palavrão.

— Mas teve a intenção... E sabemos onde está cheio de "boa intenção".

Ela suspirou novamente, compreendendo a necessidade de se controlar. Já tinha sido advertida uma vez.

— Ok. Desculpa! Vou tentar me policiar mais. Mas poxa, eu precisava ficar assim? Deplorável? Olha esse tanto de fio...

A voz falou com calma, quase como se já estivesse acostumada com a resistência dela.

— Acredite! É um "mal necessário". Agora vamos, você precisa voltar para o seu corpo. Te encontro lá em cima.

Camila se aproximou de seu corpo e, quando o tocou, sentiu uma sensação estranha. A junção do corpo físico com sua alma foi acompanhada por um arrepio que percorreu sua pele, um tremor que tomou conta de seu ser por um momento. Ela não sabia o que aquilo significava, mas algo nela parecia certo. E ao mesmo tempo, errado.

Então, uma última frase a atingiu como um choque:

"Um milagre essa menina ainda estar viva. As próximas horas serão decisivas."

Essas palavras se perderam em sua mente enquanto ela apagava novamente.

— Como está se sentindo? a voz perguntou com uma suavidade quase maternal.

— Bem, eu acho! Há quanto tempo eu estou aqui? Tenho a sensação de ter dormido um século.

— Você dormiu bastante mesmo.

— E quando eu vou poder voltar?

A voz parecia ter sido paciente demais com as suas perguntas, mas a resposta foi tranquila.

— Ainda está muito cedo. Seu corpo ainda requer muitos cuidados... Vai precisar ficar mais um tempo aqui.

Camila se deixou cair para trás, tentando processar a situação. A saudade de sua vida, de tudo o que havia conhecido, a fazia sentir uma dor profunda. O peso da ausência do seu filho era quase insuportável.

— Eu estou com saudades...

A voz soou novamente, agora com um tom de compreensão.

— Eu sei! Mas eu tenho boas notícias.

Camila se animou, seus olhos brilhando com um fio de esperança.

— Quais?

— Seu filho está bem. E sob os cuidados do verdadeiro pai.

Camila respirou fundo, aliviada. Sua mente precisava dessa informação.

— Graças! Eu posso ir vê-lo?

A voz fez uma pausa, quase como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— Em breve eu te levo para vê-lo. Mas hoje, vamos fazer um passeio. Tem uma pessoa que quer encontrar você.

Curiosa, mas ainda com uma sensação de perda imensa, Camila questionou:

— E eu vou poder sair daqui? Desse lugar? Aliás, o que é isso? Parece uma espécie de hospital do futuro.

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