Third Chapter

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So come on, let it go
Just let it be
Why don't you be you
And I'll be me?

LÍRIO VILHENA

A grama do local onde eu estava, era tão verde que me dava vontade de deitar ali e ficar para sempre. O cheirinho de terra e o som ao fundo dos passarinhos, davam um ar nostálgico, não me parecia um lugar estranho ou até mesmo duvidoso, me sentia em casa mesmo sabendo que estava longe demais da minha.

Sinto que já estive aqui. — Sussurro, e seguro um pouco a barra do vestido longo e branco que eu usava, girando e vendo o movimento que o mesmo fazia.

Óbvio, porque já esteve. — Uma voz masculina disse, bem próximo ao meu ouvido e me fazendo saltar num susto.

— Você me assustou. — Murmuro, virando-me para olhá-lo. — Olá. — Cumprimento.

— Oi minha morena. — Disse e abriu um sorriso. — Senti sua falta, você demorou.

Ele não era um estranho a mim e por mais que aquilo fosse um sonho — bem estranho, por sinal —, não me importaria de ficar ali para sempre, e com ele. Tudo nele me era familiar, os olhos, o sorriso, o perfume e principalmente, a forma que me encarava.

— Onde estou? — Pergunto. — E quem é você? E porque me faz sentir confortável?

O moreno soltou uma risada alta, que era uma delícia de ouvir. O sol batia contra sua pele bronzeada, fazendo com que meu estômago ficasse com as borboletas agitadas. O cavanhaque e o bigode curto, de alguma forma, me lembrava alguém.

São muitas perguntas, morena. — Respondeu. — Esse é um lugar do seu subconsciente, e você já sabe quem eu sou, por isso se sente bem ao meu lado.

O homem se aproximou em um passo, acariciando meu rosto e fazendo com que uma vontade enorme de beija-lo surgisse, e foi exatamente o que eu fiz. Segurei em seu rosto e olhei bem fundo em seus olhos.

— O que está fazendo, minha morena? — Questionou.

— Beijando você, meu moreno. — Respondo. Uni nossos lábios em um beijo singelo.

*

Nunca havia tido um sonho tão realista como essa noite, e o pior — ou o melhor —, era que eu queria voltar para lá. Seu beijo não saia um segundo sequer da minha cabeça, seu toque singular em meu rosto e a forma que ele apertou minha cintura no beijo que eu lhe roubei. Se repetia mil vezes, como um DVD furado.

— Terra para Lírio. — Ouço e sinto alguém me sacudir. Olho para o lado e vejo Cris me olhando com a sobrancelha erguida. — Onde estava?

— No moreno. — Suspiro ao responder.

— Pelo visto, você gostou mesmo desse sonho. — Disse e sentou ao meu lado.

A livraria estava nos seus últimos minutos aberta, já que fechava aos sábados. Deitei a cabeça no ombro da minha amiga e soltei um suspiro longo outra vez. Olhando para a porta e vendo que Leila já arrumava as mesas do lado de fora.

— Daria tudo para saber quem era. — Murmuro.

— Li em algum lugar, que sonhos são a representatividade de um futuro próximo. — Falou e se inclinou um pouco para me olhar. — Então, mantenha a calma, você vai conhecer o tal moreno.

— O bom, é que palavra tem poder. — Digo e ela solta um risada.

O sino na porta, chamou nossa atenção e levantamos a cabeça ao mesmo tempo, para olhar de quem se tratava. Me surpreendi ao ver meu novo vizinho entrando pela porta, com um sorriso familiar no rosto. Fiquei de pé e retribui o sorriso.

— Então você está em todos os cantos? — Perguntou, ao chegar próximo ao balcão.

— Como assim? — Franzo o cenho, confusa.

— A floricultura ali à frente. — Disse e virou-se para apontar. — Floricultura Vilhena. — Leu a fachada.

— Ah, sim. — Respondo, sem jeito. — É uma longa historia.

— Me conte quando for possível, então. — Sugeriu e assenti.

Rigoni, apoiou suas mãos no balcão e inclinou um pouco a cabeça para o lado, na intenção de me analisar melhor, creio eu. Sorrio já com as bochechas coradas muito provavelmente, e mordi o lábio.

— Sobrei. — Cris murmurou. — Boa tarde Emiliano. — Disse e ele a respondeu com a mesma felicitação, pedindo apenas que ela o chamasse de Rigoni. — Precisar de mim, estou no escritório.

Não demorou muito para a minha preta, sumir de vista em meio as estantes de livros. Voltei a olhá-lo, me surpreendendo outra vez com seus olhos e sorriso. Familiares, arrisco dizer.

— O que deseja, querido vizinho? — Pergunto, arrumando a postura.

—  Os Caçadores de Sonhos. — Respondeu.

— Sandman volume um, não é? — Ele confirmou. — Eu já o li, e o asseguro que é incrível. — Digo e ele assentiu.

Digitei o nome para checar se ainda tínhamos em estoque, livros antigos e raros, são vendidos rapidamente. Principalmente esse, que conta a história de um Japão antigo, onde criaturas mitológicas e lendas viviam entre os humanos. Certo dia, uma raposa aposta que faria um humilde monge perder a guarda de seu templo, porém acaba se apaixonando por ele. A trama daria um lindo filme.

— Capa dura ou mole? — Questiono elevando meu olhar a ele, que me retribuiu sem entender. — Nunca comprou livros?

— Não. — Respondeu, culpado. — Carla quem compra quando preciso de uma nova leitura, mas hoje vim conhecer sua livraria, que foi tão bem elogiada por ela.

Então este era o nome da namorada dele. Carla me pareceu bem simpática, talvez seja porque só a vi uma ou duas vezes.

— Sua namorada é simpática. — Digo, voltando atenção a tela de computador a minha frente.

— Carl, não é minha namorada. — Disse assustado. — É minha melhor amiga e agente.

Arregalei os olhos pela péssimo palpite, que acabei de descobrir, que tenho.

— Desculpa. — Peço rapidamente, após gaguejar um pouco. — Eu achei...

— Você e todo mundo. — Disse, com cautela. — Mas enfim, capa dura.

Terminei o pedido e pedi a Leila que buscasse o livro e trouxesse a mim. Preparei uma sacola aromatizada que Flor me fez comprar, e quando o livro veio, arrumei direitinho dentro da sacola.

— Obrigada e volte sempre a nossa livraria. — Repito a frase que meu pai sempre dizia. — Boa leitura.

— Eu quem agradeço, querida vizinha. — Sorriu ao repetir o que eu havia dito mais cedo.

Confesso que seu sorriso me fez sentir um calafrio ao pé da minha barriga, então retribui sorrindo.

Quando ele saiu da livraria, e corri até o escritório, entrando de supetão, fazendo Cris um susto, dando um pulinho da cadeira e me olhando brava.

— Surtou? — Falou.

— É ele. — Digo. — Quer dizer, eu acho que é ele. — Me corrijo.

— Ele quem?

— O moreno!

— Que moreno, Lírio? — Pergunta impaciente. — Não seja misteriosa, isso não combina com você.

Respiro fundo, tentando organizar até mesmo os meus próprios pensamentos. A probabilidade era de cinquenta por cento, e eu estava disposta a me agarrar a eles — ou nem tanto.

— Acho que moreno do sonho é o Rigoni. — Respondo. — Acho!

**
já pensou um filme deles 🥰🥰🥰

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𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora