Fourth Chapter

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Eu viajei no seu olhar
No teu sorriso, nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos

EMILIANO RIGONI

— O auge da paixão foi ele ter ido, na livraria dela. — Luciano, murmurou. — E comprado um livro. — Completou.

O homem soltou uma gargalhada alta e revirei os olhos, estavam a horas zombando da minha cara e me chamando de "argentino emocionado", por estar tentando conhecer mais de Lirio.

— E tu acha que vende o que em uma livraria, hein, Luciano? — Questiono. — Fui comprar um livro, ué. — Dei de ombros.

— Ele pediu flores pra ela. — Daniel, lembrou.

Meus amigos estavam reunidos junto a mim na área de lazer da minha casa, discutindo sobre minhas ações com relação a Lírio. Desde o último sonho, venho batendo cabeça sobre o assunto de que ela era a morena dos meus sonhos. Literalmente.

— É bem possível que seja ela, a morena que aprecia em meus sonhos. — Digo firme.

— Mas você não tem certeza.

— A vida é uma incerteza, Luciano. — Daniel disse, e suspirou. — O guri tá enamorado, pela vizinha.

— Que espanhol péssimo, acabou comigo. — Murmuro e faço careta.

Os deixei na área externa e entrei em casa, apenas para atender a porta que, além de tocar a campainha, ficaram batendo. Gritei que já estava indo, desconfiei que Carla havia esquecido a chave.

Quando abri a porta, quase caí para trás. Meu coração acelerou no mesmo instante que viu Lírio, com seu sorriso marcante — e conhecido —, olhar receoso e com uma travessa de vidro em mãos.

— Oi. — Disse simples.

— Oi Lírio, como vai? — Pergunto, já sentindo minhas mãos tremerem.

— Vou bem. — Respondeu. — Desculpa o incômodo mas, Cris estava me ensinando a fazer empada de travessa, e eu fiz muita então, decidi trazer pra você. — Ela falou tão rápido, que eu já estava sem ar somente ao ouvi-la, puxando o ar ao fim.

— Ok, primeiro, respira fundo. — Peço e ela repete o ato junto comigo. — Agora você entra, e me acompanha até a cozinha.

Lírio sorriu e assentiu, lhe dei espaço para que ela entrasse, assim ela fez. Seu perfume agridoce, invadiu meu nariz, me causando o mesmo frio que a morena causava. Pisquei algumas vezes e puxei o suave aroma bem fundo, para guarda-lo em minha mente.

Nunca, em anos da minha vida, havia me sentido assim, tão bobo por algo que para muitos, é comum. Quem se apaixona por alguém que so viu em sonhos? A resposta é bem óbvia.

— Não garanto ela estar gostosa. — Disse, pondo a travessa sobre o balcão. — E nao sei se você vai gostar.

— Eu tenho certeza que vou. — Digo rapidamente, recebendo um sorriso em resposta.

— Já comeu empadão? — Indagou curiosa. Pegou uma faca que estava no descanso, sobre o balcão e começou a cortar a tal empada.

— Não. — Respondo e ela me olha frustrada. — Mas, já comi o dogão do seu José.

Forço um sorriso pensando ter acertado, porém em resposta, Lírio soltou uma gargalhada alta. Realmente havia comido, um cachorro-quente de rua, e que era muito bom, Luciano queime levou lá, julgando ser o melhor que comeu em sua vida. Mas pela cara que a morena fez, não fui bom com a resposta.

— Porque a risada? — Questiono.

— O dogão do seu José, dá azia até em criança. — Respondeu, se recuperando da risada. — Se quer um tuor nas comidas da feira, é só me falar.

— Eu quero. — Digo.

— Então no próximo sábado, vamos à feira. — Disse, e me serviu um pedaço de sua empada. — Gostou do livro?

— Adorei. — Respondo.

Levei uma garfada a boca, sentindo o sabor e cheiro forte de tempero que exalava por todo ambiente. Lírio me olhava de forma ansiosa e aguardando por alguma reação, resposta ou expressão minha.

— Ficou bom? — Perguntou, mordendo o lábio em seguida.

— Isso está, espetacular. — A respondo, lhe vendo suspirar aliviada.

— Que cheiro bom do caralho. — Daniel disse, ao entrar na cozinha. — Ah, oi Lírio.

A mulher sorriu sem jeito, parecendo totalmente envergonhada.

— Lírio está aqui? — Luciano perguntou, entrando no recinto logo em seguida.

— Como sabem meu nome? — Ela indagou curiosa, me fazendo querer cavar um buraco.

— Ouvimos muito sobre você. — Responderam juntos.

A morena mordeu o lábio tentando conter um sorriso e me olhou curiosa. Já sentia minhas bochechas queimar e quis sair correndo dali, me enfiar em um avião. Quase rosnei de raiva aos meus amigos, que só entenderam quando os olhei querendo matá-los.

— Ouvem? — Perguntou.

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delícia

𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora