Twenty-fourth Chapter

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Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate
E eu
Gostava tanto de você

EMILIANO RIGONI

Desespero. Foi exatamente o que eu senti ao receber a pior das ligações, em toda a minha vida, jamais esqueceria do tom de voz ou das palavras ditas pelo atendente do samu.

Estávamos bem próximo no momento da ligação, e quase causei outra aceitante ao acelerar até lá. Vê-la sendo retirada dentre os escombros do carro que ficou destruído, foi a pior das sensações.

Tive de sentar no meio fio e torcer com toda a esperança, que ela saísse viva. Pétala foi retirada primeiro, não estava nem um pouco machucada, só com alguns arranhões no rosto, mas não era nada tão grave quanto Lírio, que estava presa entre a ponta do carro e poste de energia da rua.

Mordi o lábio com força, sentindo toda a minha fé se ir no momento em que pararam de tentar por alguns segundos.

— Ela ainda está viva, só está inconsciente. — Um deles disse, ao outro. — Mas não tem como tirá-la.

— Ou a tiramos, ou a deixamos morrer. — Respondeu, cabisbaixo.

— Salve-a, por favor. — Digo, ao me levantar, começando a caminhar até eles. — Ela é o amor da minha vida, por favor. — As lágrimas que antes eu controlava, agora escorregavam com facilidade.

Ele suspirou e assentiu confiante.

— Vamos tirar ela. — Garantiu. — Não se preocupe.

— Rigoni, senta aqui. — Carla me chamou, com a voz mais embargada que a minha, e me fez sentar no meio fio. — Precisa manter a calma.

— Ela está lá, tão frágil e tão distante da minha proteção. — Sussurro, sentindo minha garganta entalar.

— Vai dar tudo certo. — Acariciou minhas costas.

Mais longos minutos se passaram e finalmente pude respirar aliviado, ao ver eles retirando a porta e por fim ela. Meu pulmão respirou aliviado, como se um peso estivesse saindo de cima de mim.

Levantei e quase que corri até ela, a vendi toda machucada, não água tando vê-la assim.

— Oh meu amor. — Fungo, analisando seu rosto, que era a única parte que ainda permanecia o mesmo, a não ser pelo corte na testa. — Preciso de você. Preciso mesmo que fique bem, pra poder viver também.

— Você precisa ir junto com ela na ambulância. — A paramédica disse, com a voz meio chorosa. — Já que é o único família, presente no local.

*

A sala de espera estava lotada, tanto por aguardo de notícias de Lírio quanto de Pétala, que estava saindo de exames laboratoriais e físicos.

Já não conseguia mais chorar, então suspirava e soluçava as vezes, olhando para uma rosa na mesa de centro do hospital. Dona Amara, acariciava minhas costas me dando acalento.

Seu Ricardo estava ao meu lado, segurando firme em minha mão, como se não precisa também ser confortado. Passei o olho em todos ali, que estavam tão receosos quando eu. Floribella, já deveria estar no quinto copo de água com açúcar, s no décimo exame fetal para ver como estava o bebê em seu ventre. Ela já sabia que a filha estava fora de perigo, mas ainda estava preocupada pela irmã.

Cris por sua vez, estava imóvel, nem chorava e nem demonstrava quase que nada. Não que ela seja uma amiga ruim, mas talvez por não conseguir raciocinar que a horas atrás ela estava rindo e brincando, e agora estava dentro de um centro cirúrgico.

𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora