Seventeenth Chapter

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Those things I did
Just so I could call you mine
The things you did
Well, I hope I was your favorite crime

EMILIANO RIGONI

O cheiro de terra molhada, viciante por todo o local onde aquele manto imenso e verde se estendia. Já estava a sua espera, sabia que a morena apreciaria em breve, então decidi sentar e aproveitar o por do sol daquele lugar.

Via claramente alguns animais que antes não havia notado, brincando entre si naquele campo grande. Sinto uma mão sobre meu ombro e olho, já esperando encontrar a mão feminina de unhas pintadas de branco, mas ao invés disso, uma mão mais velha estava no lugar.

Levantei o olhar bem rápido, vendo meu pai sorrindo para mim. Meus olhos se arregalaram e se encheram de lágrimas no mesmo instante.

Pai? — Sussurro. — Oh meu Deus pai, que saudades.

— Oi meu jogador. — Disse e sentou-se ao meu lado, antes que eu tentasse me levantar. — Como está bonito.

Não esperei mais nenhum segundo para abraçar-lhe e sentir seu perfume único outra vez, era como se eu pudesse finalmente respirar e me sentir em casa novamente.

Quantas saudades. — Falou. — Não precisa chorar.

— Eu sinto tanto a sua falta e a da mamãe. — Sussurro. — Daria tudo para tê-los de volta.

Estamos bem aqui, ao seu lado e jamais sairemos. — Acariciou meus cabelos. — Ouça filho, você precisa se preparar.

Me preparar?

Sim. — Confirmou e o olhei. — Precisa blindar seu coração, porque o enganador está bem próximo para destruí-lo. Não confie tanto assim, nessa pessoa.

Mas, pai...

Agora, está na hora de acordar. — Disse e beijou minha testa.

*
dois dias depois

Não estava focado em absolutamente que Carla dizia, muito mesmo queria saber o que ela se referia. Apenas queria chegar em casa e ir ver a minha morena, e saber o porquê, de nesses dias que passei fora, não respondeu nenhuma das minhas muitas mensagens. Fora que esses dias todos, fiquei imaginando estar sonhando com meu pai, me alertando de algo.

— ... Ai a gente pode marcar, o que você acha? — Perguntou animada, olhando para mim e esperando uma resposta.

— Acho que você não cala a boca. — Resmungo irritado, bufando e jogando a cabeça para trás.

— Nossa Emiliano. — Disse frustrada.

— Desculpa — peço, passando a mão com força no rosto —, é que você não parava de falar, e eu preciso de um pouco de silêncio. — Respondo, e volto a encarar a rua.

Ela estava tentando uma reaproximação, mesmo eu dizendo que não queria nada além, de uma boa relação no trabalho, que era a única coisa que me ligava a ela. Chegamos a nos envolver sexualmente umas duas ou três vezes e isso foi um baita de um erro, já que ambos estávamos bêbados.

Uma semana depois eu comecei a sonhar com a minha morena, então findei por romper esse laço que criamos. Nunca lhe vi com outros olhos ou cheguei a suprir nada por ela, a não ser respeito profissional, e era exatamente isso que ela não entendia.

— Vai vê-la hoje? — A mulher ao meu lado, perguntou indiferente se referindo a Lírio.

— Claro que sim, mandei entregar até flores. — Relembro. — Só não me lembro o nome delas, mas mandei entregar. — Rio.

Não obtive resposta então continuei em silêncio, esperando ansioso por chegar em casa. Apesar de estar tarde, sabia que ela ainda estaria lendo, e falando em leitura, eu havia me viciado e ler. Culpa dela.

Comecei a ler para ter uma desculpa para ir até a livraria e tentar uma aproximação, o que não precisou muito já que, dias depois já estávamos saindo juntos por aí, para cima e para baixo. O negócio é que, realmente gostei do mundo literário, e passei a ser um consumidor compulsivo de livros.

— Não está meio tarde para ir a casa dos outros? — Voltou a questionar.

— Não. — Digo.

Ao chegarmos em casa, entrei depressa e subi as escadas mais rápido ainda, indo para o chuveiro em seguida.

❍ ❍ ❍

LÍRIO VILHENA

Arrumava as flores em um pote com água, as mesmas encontrei na porta de casa, e o bilhete que tinha, não falava nada, era apenas um coração vermelho. Eu achei fofo mesmo assim.

As tulipas vermelhas, deram um contraste e cor a cozinha internamente branca. A não ser por todos os desenhos coloridos de Pétala em minha geladeira e quadro de avisos, a mesma por sua vez, olhava encantada para as flores que eu arrumava.

— Eu acho tão lindo, quem recebe fores. — Ela comentou.

— Eu também acho.

— Tio Rigoni não fica com ciúmes? — Perguntou curiosa e neguei, na verdade eu não sabia, nunca havíamos falado sobre as flores que eu recebia. — Pois, eu ficaria.

— Nunca falamos sobre isso, mas já que você tocou no assunto, vou pergunta-lo. — Sorrio e ela assentiu em concordância.

— Deve ser por isso que a Bela se apaixonou pela Fera. — Ponderou, inclinando a cabeça para o lado, tendo um ângulo melhor das flores. — Ele mostrou uma flor a ela.

— Creio que ela já estava apaixonada por ele, a flor foi só a cereja do bolo. — Respondo.

— Aposto que não.

— Aposto que... — Fui interrompida com o som de alguém batendo a porta, e olhei na direção onde ficava a entrada de marinha casa. — Já volto. — Aviso.

Giro meus calcanhares e ando rápido até a porta e quando abro, dou de cara com Rigoni, segurando uma caixinha de bombons e com um sorriso leve nos lábios.

— Oi morena. — Disse fazendo meu coração disparar, e por alguns segundos, me fazer parar de lembrar das palavras de Carla.

— Oi moreno. — Sorrio e o puxo para perto. — Senti saudades.

— Imagina eu, que já estou acostumado com você dormindo e acordando do meu lado. — Fez bico e aproveitei para lhe roubar um selinho. — Ah não, me beija direito.

Dou uma gargalhada e seguro em seu rosto, juntando nossos lábios em um beijo lento. Decidi deixar pra lá, todos os pensamentos sobre ele e Carla já terem tido algo, já que isso muito facilmente ficou no passado.

— Porque não me respondeu? — Perguntou, ao quebrar o beijo.

— Meu chip deu problema, eu realmente não consegui fazer nada. — Minto e dou de ombros. — Deixei meu cunhado resolver, mas parece que foi algum tipo de virus.

— Entendi. — Murmurou. — Mas resolveu? — Assentiu positivamente.

— O tia, o bolo vai queimar! — Pétala gritou da cozinha, e mordi o lábio.

— Pétala está aqui? — Perguntou e assenti mais uma vez. — Não vamos matar a saudades agora?

— Infelizmente não, mas, mais tarde... — Deixo a frase no ar e ele sorri, concordando com a cabeça.

— TIA!

— JÁ ESTOU INDO. — Grito de volta.

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𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora